O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) visitou na última sexta-feira (26) o presidente do Senado Rodrigo Pacheco (DEM-MG). No encontro ele ouviu do aliado político as mesmas reclamações que já haviam sido feitas um dia antes, sobre a política externa do Governo federal.
O líder do Executivo ouviu com atenção e, logo em seguida, elogiou o chanceler Ernesto Araújo, que é ministro das Relações Exteriores. A demissão de Araújo vem sendo pedida pelos próprios aliados do Palácio do Planalto e também por empresários.
Visita
Bolsonaro telefonou para o presidente do Senado na manhã da sexta-feira e afirmou que gostaria de visitar a residência oficial do Senado.
Pacheco então informou que estava participando de uma reunião por videoconferência com governadores e, assim que terminasse o encontro virtual, estaria esperando por ele.
Bolsonaro ouviu novamente de Pacheco as críticas que o senador já havia feito publicamente no dia anterior. O aliado do presidente afirmou que não importa qual seja o ministro das Relações Exteriores, é preciso haver uma mudança na política externa do governo federal. Rodrigo Pacheco também ressaltou a importância do Brasil ter um canal de comunicação mais aberto e direto com parceiros comerciais, ainda mais no momento em que o país está travando uma guerra contra a pandemia.
O ocupante do Palácio da Alvorada defendeu Araújo afirmando que o chanceler apoiador do escritor Olavo de Carvalho é uma “boa pessoa”, que ele tem boas intenções.
Bolsonaro ainda afirmou que trata-se de uma pessoa que é leal ao governo. O mandatário, porém, não deu nenhuma indicação se iria atender ao clamor de seus aliados que querem Ernesto Araújo fora do governo ou se manterá o ministro onde está.
Imprensa
Depois de se encontrar com o presidente da República, Rodrigo Pacheco deu entrevista à imprensa e confirmou que fez a Bolsonaro as mesmas críticas que fez à política externa do Brasil, e reforçou que não é de sua alçada comentar sobre a continuidade ou não de Ernesto Araújo no Ministério das Relações Exteriores.
O político do DEM declarou novamente que "quem admite é quem decide se demite ou não" e que com a presença de Araújo ou não, o que importa é que haja uma mudança na política externa.
Aliados de Bolsonaro entendem que Ernesto Araújo não tem mais condições de negociar com os governos da Índia e da China, além de também ter dificuldades de dialogar com o governo dos Estados Unidos.
A situação ocorre em um momento em que o Brasil tem que negociar a compra de vacinas e insumos com as nações citadas.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), cobrou diretamente o ministro das Relações Exteriores na reunião dos líderes dos Poderes que foi realizada no Palácio da Alvorada. O deputado citou nominalmente Araújo ao declarar que o Itamaraty tem que funcionar. Lira posteriormente criticou Araújo em pronunciamento no plenário da Câmara.