O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi entrevistado, nesta quinta-feira (27), pelos jornalistas da Revista Fórum, no canal do YouTube do órgão de comunicação.

CPI da Covid

Em destaque no cenário político ultimamente está a comissão parlamentar de inquérito (CPI) que apura eventuais crimes ou omissões do Governo do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), no enfrentamento da pandemia do coronavírus. O país atingiu nesta semana a triste marca de 450 mil mortes em decorrência da doença. Lula começou a entrevista comentando a respeito da comissão.

"As pessoas mais experientes politicamente costumam dizer que uma CPI você sabe como ela começa, mas você não sabe como ela termina. Você sabe como é que pode ser no primeiro discurso do relator, mas você não sabe nunca como será o relatório final", disse.

O ex-presidente diz que Bolsonaro tem responsabilidade nas milhares de mortes ocorridas no país durante a pandemia. "Veja, a CPI ela tem uma coisa nobre que é descobrir o desgoverno que aconteceu no Brasil no tratamento da questão da Covid, a irresponsabilidade, a falta de organicidade do governo, a falta de liderança do governo, a falta de respeito do governo, a negação do governo de comprar as vacinas no momento certo, porque eu acho que boa parte dessas pessoas que morreram a gente tem que debitar nas costas do presidente Bolsonaro e das pessoas que, subordinadas a ele, seguiram a orientação dele, ao invés de seguir a orientação da ciência, ao invés de seguir a orientação daquelas pessoas que estudaram, que entendem e que já tinham muito mais conhecimento dos efeitos da Covid-19", opinou.

Bolsonaro deve pagar pela omissão, diz Lula

De acordo com Lula, em algum momento, Bolsonaro deverá ser indiciado pelos óbitos em virtude do coronavírus no país. "Então, eu penso que o presidente, ele [Bolsonaro] não vai escapar da culpabilidade, pode não ser agora, pode ser amanhã, mas é importante que o Bolsonaro carregue nas costas a responsabilidade por uma parte muita grande das pessoas que morreram.

Não é que as matou, ele deixou de salvá-las, porque foi irresponsável, porque agiu de forma infantil, sem nenhuma respeitabilidade, não criou comitê de crise, não criou comitê científico, não escolheu os ministros certos na hora que tinha que escolher, e por último, escolheu um general [Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde] que entendia de tudo, mas não entendia de nada ao mesmo tempo", criticou.

Para o petista, o Brasil teria condição de arcar com a produção e vacinação em tempo mais ágil. "É importante lembrar quando veio a gripe H1N1, nós vacinamos 83 milhões de pessoas em pouco mais de três meses", lembrou da época em que presidiu o Brasil.