O ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo é o depoente desta terça-feira (18) na CPI da Covid, a comissão parlamentar de inquérito que investiga as ações e eventuais omissões do Governo federal na gestão da pandemia do coronavírus.

O Itamaraty já se pronunciou sobre o depoimento de Araújo e comunicou à comissão que acordos sobre a quantidade de doses do consórcio foi uma decisão tomada pelo Ministério da Saúde.

Testemunha

Ernesto Araújo irá depor na condição de testemunha, o que quer dizer que ele está obrigado a dizer a verdade, sob o risco de ser acusado do crime de falso testemunho.

Os senadores irão questionar Araújo sob algumas questões importantes para a investigação do desempenho do governo federal na gestão da crise sanitária.

China

O ex-ministro, apoiador das teorias conspiratórias do escritor Olavo de Carvalho, será perguntado sobre as constantes críticas à China feitas por ele, apoiadores do governo e até mesmo pelo próprio presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido).

Araújo também terá que responder sobre a participação do Itamaraty na compra de medicamentos sem eficácia contra a Covid-19 e também sobre a compra de imunizantes.

Ernesto Araújo será o sétimo depoente na CPI da Covid. Antes dele já falaram à comissão os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, e o atual comandante da pasta, Marcelo Queiroga.

Também compareceram à CPI o ex-secretário de Comunicação do governo Bolsonaro Fabio Wajngarten, o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, e o representante da empresa farmacêutica Pfizer, Carlos Murillo.

Na segunda-feira (17), senadores independentes e da oposição se reuniram e no final do encontro Otto Alencar (PSD-BA) afirmou que irá cobrar de Araújo a mobilização do Itamaraty sobre a compra de remédios que a ciência comprovou que não têm eficácia contra a Covid-19.

Alencar também afirmou que irá cobrar do ex-ministro se o governo federal pressionou para que esses remédios fossem comprados.

A convocação de Araújo foi o resultado dos pedidos dos senadores Marcos do Val (Podemos-CE) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE).

O depoente terá que explicar como foi o processo de negociação com outros países a aquisição de imunizantes e insumos para a fabricação das vacinas.

Ernesto Araújo esteve no comando do Itamaraty entre janeiro de 2019 e março deste ano. Seu período como ministro das Relações Exteriores foi marcado por desentendimentos com a China, o mais importante parceiro comercial do Brasil e importante exportador de insumos para a fabricação das vacinas.