Ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo é ouvido nesta terça-feira (18) na CPI da Covid no Senado Federal. A comissão parlamentar de inquérito foi instalada para apurar eventuais crimes ou omissões do Governo do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), no enfrentamento da pandemia do coronavírus. O Brasil se aproxima das 450 mil mortes em virtude da doença.
Polêmica nas relações internacionais
Ernesto Araújo, que fazia parte do chamado núcleo ideológico do governo Bolsonaro, ficou à frente do Ministério das Relações Exteriores entre janeiro de 2019 e março de 2021.
Sempre foi rodeada de críticas a atuação do ex-chanceler. Araújo teve relação conturbada com a China, quando fazia diversas declarações chamando a pandemia de "comunavírus". Durante sua gestão, o diplomata ainda atacou a OMS (Organização Mundial de Saúde), teria ignorado contatos de empresas produtoras de vacinas, não aderiu ao compromisso mundial contra desinformação na pandemia, defendeu a cloroquina (remédio sem eficácia comprovada contra o coronavírus), dentre outras ações questionáveis. Depois de muita pressão, deixou o cargo no final do primeiro trimestre de 2021.
Depoimento
No início de sua fala, o ex-ministro fez algumas ponderações a respeito de suas ações na política externa. Ele enalteceu a defesa ideológica e dos interesses nacionais.
"Busquei sempre os melhores caminhos para avançar rumo ao objetivo aqui enunciado, seguindo os princípios constitucionais de política externa, dos quais primeiro é a independência nacional. A defesa de valores muitas vezes também é desprezada sob o epíteto de ideológica. Entretanto, estou convencido de que, sem a preservação dos valores, a vida humana, tanto de um indivíduo quanto de uma nação, perde o sentido, perde o significado e perde a direção.
Não se trata sequer de trocar os valores pelos interesses materiais. Valores ou interesses, eis outra falsa dicotomia, pois sem a estrutura de caráter nacional ou individual que somente os valores proporcionam, eventuais ganhos materiais serão sempre frágeis e efêmeros. Perseguindo objetivos e defendendo valores o Brasil conseguiu na minha gestão importantes resultados", pontou.
O ex-chanceler também elogiou sua atuação na política externa durante a pandemia. "No combate à Covid propriamente dito, onde a definição das estratégicas coube primordialmente ao Ministério da Saúde, o Itamaraty atuou para viabilizar as importações de doações, de equipamentos, itens de proteção pessoal e para a execução da estratégia de vacinação", afirmou.