O deputado Kim Kataguiri (Democratas-SP) falou, nesta quarta-feira (19), na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, no Congresso Nacional, em Brasília. Ele fez fortes críticas aos gastos públicos do Governo federal. Kim, na época da eleição de 2018, foi apoiador de Jair Bolsonaro. Hoje, o parlamentar tem sido um opositor ferrenho do presidente da República.

Auxílio para os mais pobres

Mesmo sendo eleito sob um discurso liberal de menos presença do estado, o deputado pediu a criação de um programa social mais robusto, que ajude a população mais necessitada, principalmente neste momento da pandemia do coronavírus.

"De fato é um absurdo que o Ministério da Economia e Palácio do Planalto ainda não tenham reformulado um programa social. Primeiro eles haviam dito que seria o tal do Renda Brasil, que nunca veio, e agora o auxílio [emergencial] vai acabar e a pandemia continua. E as pessoas mais pobres estão sem ter como manter as medidas de distanciamento social e sendo obrigadas a ir para rua para trabalhar para sobreviver", disse.

Kataguiri mostrou de onde pode vir o dinheiro para a ajuda aos mais pobres. "Então, subscrevo esse requerimento, existe dinheiro sim para o pagamento de auxílio até mais robusto do que esse que está sendo pago. A gente poderia cortar e rever R$ 330 bilhões em renúncias fiscais que nós temos", pediu.

Supersalários

O presidente foi eleito em 2018 com discurso de cortar privilégios, e de acordo com Kataguiri, Bolsonaro não está cumprindo essa promessa. "Os bolsonaristas têm espalhado a mentira de que Bolsonaro simplesmente cumpriu uma decisão do Supremo Tribunal Federal [STF], e que não foi decisão dele [Bolsonaro] aumentar o próprio salário e do vice-presidente [Hamilton Mourão].

É mentira! No ano passado, a Advocacia Geral da União entrou com uma ação, a pedido do presidente da República, para ter a permissão do Supremo Tribunal Federal para dar pagamentos acima do teto de gastos para os militares que acumulassem cargos no governo Bolsonaro, que são muitos, são centenas".

O deputado alerta que a medida causaria um efeito cascata de gastos.

"A gente fala aqui do presidente e do vice-presidente, que são os cargos que chamam mais atenção, mas o impacto é de dezenas de milhões de reais nos cofres públicos todos os anos. Então, é mentira! O Supremo não obrigou ninguém a aumentar salário. Bolsonaro pediu na Justiça para ter o reconhecimento, pediu na Justiça para ter possibilidade de aumentar o próprio salário, e o salário do primeiro, segundo e terceiro escalão. Os militares que acumulam cargos no governo federal recebendo mais de R$ 39 mil já fazem parte de 1% mais rico da população, recebendo dinheiro público, e ainda querem o privilégio de receber supersalário", alfinetou.