Em depoimento à comissão parlamentar de inquérito (CPI) da Covid-19, nesta terça-feira (4), o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta disse que se o Governo federal tivesse praticado uma campanha sobre educação em saúde, junto à população, a segunda onda da doença seria de proporções bem menores.

Esta afirmação de Mandetta foi feita quando o médico ortopedista respondeu ao questionamento da senadora Simone Tebet (MDB-MS).

Instalada no Senado Federal, no dia 27 de abril, a CPI vem investigando eventuais omissões do governo federal durante a pandemia do novo coronavírus.

Em seu depoimento à comissão parlamentar de inquérito, Mandetta pontuou sua crença de que a promoção em saúde não é feita apenas pelo presidente, mas que também pode contar com apoio de ídolos e atletas, a exemplo do que ocorreu com o jogador Ronaldinho e o personagem Zé Gotinha. O ex-ministro disse ainda que em sua gestão à frente da pasta da Saúde precisou conceder entrevistas diárias, orientando sobre a Covid-19, pela inexistência de um plano de comunicação do governo.

Equipe técnica

Ainda na opinião do ex-ministro, se o governo federal mantivesse uma "equipe técnica" à frente do Ministério da Saúde, a atual segunda onda da Covid-19 não teria existido.

"O normal, quando se tem uma doença infecciosa, é você ter uma campanha institucional. Como foi, por exemplo, a Aids. Havia uma campanha onde se falava sobre a Aids, como pega, e orientava as pessoas a usar preservativo. Era difícil para a sociedade brasileira fazer, mas havia uma campanha oficial. Não havia como fazer uma campanha [contra a Covid]; Não queriam fazer uma campanha oficial", disse Mandetta.

Cobrança por trabalho

O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da comissão parlamentar de inquérito, indagou Mandetta se o presidente Jair Bolsonaro solicitou a ele uma redução na quantidade de entrevistas, ao que o ex-ministro respondeu que só havia cobrança para trabalhar números positivos nas divulgações do Ministério da Saúde.

Agendado para ser ouvido na CPI nesta quarta-feira (5), o também ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello informou que não vai comparecer. O general informou à comissão que esteve em contato com duas pessoas suspeitas de terem contraído o novo coronavírus e por este motivo entrou em quarentena.

Forma presencial

Ainda sem a nova data para ouvir o general Pazuello, os membros da CPI pretendem que isso ocorra de forma presencial. Também porque o colegiado está convocando para ouvir ainda o médico oncologista e ex-ministro Nelson Teich e o atual ministro da pasta, o médico cardiologista Marcelo Queiroga de maneira presencial.

O ex-ministro Pazuello foi diagnosticado com a covid-19 no mês de outubro do ano passado.

Devido aos diversos questionamentos dirigidos ao ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, o depoimento de Nelson Teich, previsto para a tarde de terça-feira, deverá ocorrer a partir das 10h nesta quarta-feira (5).