O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta prestou depoimento aos senadores nesta terça-feira (4) durante a primeira sessão da CPI da Covid. O ministro respondeu algumas perguntas que foram feitas pelos parlamentares, como se Bolsonaro apresentou alguma solução técnica para combater o vírus.

Mandetta disse que não houve propostas por parte do presidente e que ele causava um mal-estar na equipe.

O ex-ministro disse que não conseguia entender o porquê de Bolsonaro agir daquela forma, indo por caminhos que não levariam a lugar algum em relação a conter o vírus.

Mandetta disse também que havia alertado Bolsonaro sobre os perigos de não seguir a ciência sobre o enfrentamento da pandemia. O ex-ministro afirmou que passou todas as recomendações, tanto em público quanto em reuniões com os ministérios e secretários de saúde e com próprio presidente.

Assessores listaram todos os discursos negacionistas de Bolsonaro

A junta de assessores do relator da CPI da Covid, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), listou vários momentos em que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) usou o que chamam de discurso negacionista quanto à gravidade da situação da pandemia no Brasil. As falas expressas por Bolsonaro, que foram apresentadas pela equipe, ocorreram entre janeiro de 2020 e janeiro de 2021.

Estas informações foram divulgadas pelo jornal Folha de S. Paulo, que afirma ter tido acesso aos documentos que foram elaborados pela assessoria de Calheiros.

Dentre as falas que podem gerar punições a Bolsonaro estão as que ele trata a Covid como "gripezinha", que foi entendida como uma forma de tentar amenizar a letalidade do vírus, outras em que o presidente defende o uso do medicamento hidroxicloroquina, inclusive durante as lives que realiza às quintas-feiras, e críticas ao distanciamento social.

A equipe da CPI da Covid vai trabalhar em cima destas declarações e ações que o Governo federal poderia ou não fazer para combater o vírus e assim descobrir se o presidente cometeu alguma irregularidade na condução da pandemia.

Para os advogados que estão trabalhando no caso, ao menos quatro crimes podem ser apontados contra Bolsonaro com base em seus discursos e outras nas ações do governo.

Esse trecho do processo é o que pode pesar mais para Bolsonaro, pois se tratam de discursos negacionista que podem ter gerado impactos negativos sobre a conscientização da população quanto à seriedade que deveria ser encarada a situação da pandemia no Brasil.

Outros pontos que serão analisados pelos assessores são as medidas que o governo ofereceu para o isolamento social ser mais eficiente, ação que Bolsonaro sempre criticou por pensar que poderia prejudicar a economia do país. Será investigado também o porquê do atraso sobre a compra de imunizantes.

Os parlamentares querem descobrir se o presidente tentou de alguma forma fazer com que o vírus circulasse no país e assim provocar a imunização por rebanho.

Todos os dados serão explanados durante os interrogatórios que acontecerão com os ex-ministros da Saúde que passaram pelo governo Bolsonaro e o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.