O auditor do Tribunal de Contas da União (TCU) Alexandre Figueiredo Costa e Silva Marques confessou que foi o autor do estudo falso repassado para o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). Além disso, o auditor revelou que o pai, que é militar e amigo pessoal do presidente, foi o responsável por encaminhar o estudo para o mandatário.

Alexandre Figueiredo afirmou que comentou com o pai sobre o estudo paralelo e ele foi quem repassou para o presidente. O auditor possui ligação com os filhos de Bolsonaro e também é amigo de Gustavo Montezano, presidente do BNDES.

O auditor teve barrada em 2019 uma indicação para um cargo de diretor do BNDES. José Mucio Monteiro, presidente do TCU na ocasião, não aprovou ceder o funcionário, alegando conflito de interesses, já que o tribunal fiscaliza o banco.

O 'estudo paralelo'

Na última segunda-feira (7), o presidente da República disse que havia um estudo do TCU que questionava cerca de 50% das mortes atribuídas à Covid-19. Na ocasião, o mandatário afirmou que estava dando a notícia em primeira mão e que ele não era o autor. Atribuindo à responsabilidade para o TCU, Bolsonaro afirmou que o relatório final não seria conclusivo, mas enfatizou que a metade das mortes atribuídas à Covid-19 não seria de fato ocasionada pelo coronavírus.

Ainda em sua fala, o presidente disse que o relatório tinha saído há poucos dias e ressaltou que a imprensa não quis fazer a divulgação dele. Em seguida ele afirmou que divulgaria o documento por conta própria.

No mesmo dia, o TCU emitiu nota rebatendo as informações do presidente. O tribunal negou a existência de um relatório oficial do órgão contestando as mortes por Covid-19 no país.

Após a repercussão, o presidente se manifestou e reconheceu o erro. Ele disse que o TCU estava correto e que ele havia se equivocado. Entretanto, esta não é a primeira vez que Bolsonaro critica os números de óbitos por Covid-19 no país.

TCU afasta auditor

O auditor foi afastado de suas funções, e o ministro-corregedor da Corte, Bruno Dantas, encaminhará um relatório à presidente do TCU, Ana Arraes, propondo a abertura de um processo disciplinar contra o auditor.

Marques trabalhava no setor que cuida do combate à corrupção e inteligência do TCU. Quando teve início à pandemia no país, o auditor solicitou que pudesse acompanhar os repasses e gastos relacionados ao combate ao coronavírus.

Após isto, Marques passou a criar o “estudo paralelo”. Ao apresentar os resultados para os colegas de trabalho, foi repreendido, porque entenderam que ele queria desqualificar os governadores para contribuir com a tese do presidente. Por conta disso, o relatório foi barrado pelos colegas de trabalho.

Segundo informações do jornal Estado de Minas, Marques liberou o relatório para os filhos de Bolsonaro após não ter espaço no TCU.