Marcada para começar no dia 13 de junho, a realização da Copa América no Brasil continua causando polêmica. A competição estava agendada para acontecer na Argentina e Colômbia, que não aceitaram mais receber o torneio por causa da pandemia do coronavírus e questões políticas.
Com a negação dos países vizinhos, o presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) e a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) aceitaram sediar a edição.
Porém, a vinda do torneio para solo tupiniquim gerou debate, até porque a pandemia no Brasil está longe de ser controlada, com mais de 470 mil mortes e média diária de óbitos acima de mil pessoas.
Até dentro da seleção brasileira há notícias de que atletas não querem jogar a competição por conta do cenário da crise.
Guilherme Boulos
O político do PSOL é uma das vozes contrárias a disputa da Copa América no Brasil. Ele expressou sua opinião no quadro 'Café Com Boulos' no seu canal do YouTube, na internet.
"Sem nenhum anúncio prévio, faltando dez dias para o início dos jogos, esse foi o comunicado da Conmebol [Confederação Sul-americana de Futebol] agradecendo ao genocida [Jair Bolsonaro] e à CBF por permitir que a Copa América, que ninguém quis em lugar nenhum, acontecesse aqui no Brasil", disse ele.
"Argentina com 77 mil mortes [por Covid-19] e a Colômbia com 90 mil mortos recusaram a competição.
O Brasil com 470 mil aceitou. É um deboche com nosso povo. São dez seleções, um mês de competição e jogadores vindos de vários países do mundo para o Brasil. E isso com várias cepas variantes da Covid-19 circulando no mundo inteiro. A que interessa uma Copa América nesse momento? E por que o Bolsonaro aceitou a sediar o evento faltando dez dias pra começar?", indagou.
Agilidade de Bolsonaro para responder a Conmenbol
Acontece no Senado Federal a CPI da Covid para apurar possíveis crimes e omissões do Governo Bolsonaro no enfrentamento da pandemia. Carlos Murillo, executivo da Pfizer, que depôs na comissão, disse que não obteve resposta em tempo hábil do governo federal a respeito de compras de vacinas em meados do ano passado.
O fato também foi criticado por Boulos, fazendo analogia com a situação da Copa América. "Nove meses para responder um e-mail da Pfizer oferecendo vacina e dez minutos pra responder o da Conmebol pra oferecer uma competição num momento absolutamente inoportuno", comparou.
O torneio sul-americano ganhou um apelido indesejado. "Não é à toa que já estão chamando a Copa América de 'Cepa América'. A única explicação para manter o torneio nessas circunstâncias são os lucros da Conmebol e dos patrocinadores da competição. Nós estamos falando dos interesses financeiros, dos lucros acima da vida das pessoas", disparou.