A participação do general da ativa Eduardo Pazuello numa manifestação com a presença do presidente República Jair Bolsonaro (sem partido) no mês de maio ainda gera polêmica. O regulamento do Exército proíbe manifestações públicas de seu quadro em atos político-partidários sem autorização prévia. Nesta semana, foi arquivado pelo Exército processo a respeito da conduta do ex-ministro de Bolsonaro.

Repercussão

Diversos nomes da política e fora dele opinaram a respeito do caso. A grande maioria foi contra a não punição de Pazuello. Um deles é o deputado federal Kim Kataguiri (Democratas-SP).

“Eu não deveria me chocar mais com esse tipo de coisa, mas eu confesso pra vocês que eu tinha ainda alguma esperança na correção, na honradez, na força da instituição Forças Armadas. Tinha credibilidade ainda em relação às forças que fazem a defesa do nosso país de uma maneira muito honrada", disse.

"Porém, infelizmente a gente chegou num ponto que as Forças Armadas se apequenaram. Se apequenaram de uma das maneiras mais humilhantes que eu já vi, pelo menos aí na história da nova República, desde a Constituição [de 1988] pra cá. General Pazuello simplesmente não vai ser punido pelo Exército por participar de manifestação política, parece uma coisa pequena, parece uma coisa menor, no meio de todo turbilhão que a gente tá vivendo, mas não é", criticou.

Perigo para democracia

Kataguiri comparou a situação com a de outros passíveis sul-americanos como Venezuela e Bolívia.

"Foi justamente esse o caminho e aqui eu não tô exagerando, não e hipérbole não, foi exatamente este o caminho de [Hugo] Chavez, foi exatamente este o caminho de Evo Morales, exatamente este o caminho de todo líder populista na América Latina.

Politizar as Forças Armadas. Levar generais, coronéis, oficiais militares da ativa a manifestações políticas", citou.

O deputado teme a politização nas Forças Armadas.

"Uma vez que a política entra nos quartéis não tem volta. Uma vez que a discussão política entra nas Forças Armadas deixam de ser uma instituição de estado para ser uma instituição de governo para ser uma instituição política aí não tem volta", alertou.

Kataguiri informou que o ministro da Defesa Braga Netto será convocado para prestar esclarecimentos.

"Especificamente sobre essa ação, sobre essa omissão, porque no código militar não punir um subordinado seu que é insubordinado, que não cumpre o regimento militar, também é passível de punição. Por isso, já apresentei requerimento de convocação, tanto do chefe das Forças Armadas, ministro da Defesa como também do comandante do Exército para dar explicações e vão ter que dar explicações", comunicou.

Segundo o deputado, o Brasil pode seguir maus exemplos de países próximos.

"É caminho de Venezuela, é caminho de Argentina, é caminho de miséria, de pobreza e de perda institucional!", completou.