O senador Renan Calheiros (MDB-AL) concedeu entrevista ao canal do historiador e comentarista político Marco Antonio Villa. A conversa foi transmitida nesta segunda-feira (21) no canal de Villa no YouTube. Na pauta, a CPI da Covid, da qual Renan é o relator. A comissão parlamentar de inquérito apura eventuais crimes ou omissões cometidas pelo Governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no combate à pandemia do coronavírus.

Gabinete paralelo

Após ouvir diversas pessoas ligadas ao governo federal na CPI, Renan Calheiros informou que ações equivocadas do governo já foram constatadas e que o presidente da República pode ser responsabilizado.

"Isso pode ser uma consequência inevitável da apuração da comissão parlamentar de inquérito. São isso que as investigações indicam verdadeiramente. Nós já conseguimos provar muitas frentes da investigação. Nós temos um plano de trabalho e estamos seguindo à risca", explicou.

Segundo o senador, já está provado a existência do gabinete paralelo no governo federal que orientou o presidente a tomar medidas que vão contra as recomendações da grande maioria das autoridades médicas mundiais. "Não há nenhuma dúvida mais com relação à existência de um gabinete paralelo, aquele gabinete das sombras, que era uma espécie de Ministério da Doença, em contraposição ao Ministério da Saúde. Esse gabinete das sombras despachava com o presidente todos os dias.

Era composto por luminares da anticiência, que queriam porque queriam colocar cloroquina e o tratamento precoce no lugar da vacina. Não é a cloroquina, a discussão sobre a sua eficácia apenas, nem tampouco a discussão sobre a eficácia do tratamento precoce, não é isso! É que essas pessoas coordenadas pelo presidente da República colocaram esse tratamento no lugar da vacinação para a qual fechou as portas do governo e como política pública", acusou.

Imunidade de rebanho

Para Calheiros, a política de combate à pandemia no Brasil tinha como norte a imunidade de rebanho sem vacinação. "Ele [Bolsonaro] não defende a vacina, sua eficácia, ele sempre defendeu o livre trânsito do vírus, aglomeração, o não uso de máscara, para que tudo isso? Para que o vírus caminhasse livremente e elevasse o contágio da população pela doença.

E aí depois do contágio de 70% ou 80%, as pessoas estariam imunizadas naturalmente e não precisavam da vacinação. Essa coisa que nós concebemos como imunidade de rebanho. Um absurdo", reclamou.

Fazendo alusão a crimes de desvios de dinheiro de assessores em órgãos públicos, do qual o senador Flávio Bolsonaro, um dos filhos do presidente, é acusado, Callheiros comentou a discussão entre vacina e cloroquina. "Eu até fiz uma postagem dizendo que a mais odiosa rachadinha que o presidente participou foi essa rachadinha que ele tentou fazer na sociedade da cloroquina contra vacina. Essa rachadinha teve como consequência o agravamento das mortes dos brasileiros", citou.