Um dos depoimentos aguardados pela CPI da Covid foi o da médica Nise Yamaguchi, que aconteceu nesta terça-feira (1°). Entretanto, após as falas da médica, o relator da comissão, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), apontou 13 contradições no depoimento de Nice. As informações são da colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo.

Segundo informações da colunista, Renan e a equipe técnica da CPI elaboraram uma tabela contendo várias contradições da médica. Dentre elas, Renan destaca no relatório que ela teria confirmado a existência de um gabinete paralelo que seria responsável por dar conselhos ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido).

Estes conselhos seriam voltados às questões sobre a Covid-19.

No documento, o relator da CPI diz que a médica se encontrou com o ex-assessor da Presidência Arthur Weintraub durante reuniões e cerimônias. No evento “médicos para a vida”, Yamaguchi teria conversado sobre estratégias e possibilidades de viabilizar e fazer a distribuição de medicamentos sem comprovação científica para tratamento da Covid-19.

Mais supostas contradições

Ainda segundo o documento da equipe técnica da comissão, a médica entrou em contradição quando disse que não fazia parte de discussões relacionadas à vacina contra o vírus e que Bolsonaro não conversou com ela sobre cargos de ministros do Governo. Em contrapartida, no relatório aponta que ela se encontrou com Bolsonaro durante almoço, que contou com a presença de Osmar Terra, ex-ministro do governo.

Nesta ocasião, segundo relatório de Renan, eles conversaram cobre a importância do tratamento precoce. Além disso, a médica teria sido convidada pelo presidente para fazer parte das reuniões do gabinete e se mostrava a favor da “imunidade de rebanho”.

O documento também aponta que Nice teria mentido ao dizer que nunca se encontrou sozinha com o mandatário.

Segundo o relatório, existem documentos que mostram que ela se encontrou com Bolsonaro no dia 15 de maio do ano passado.

Além disso, a tabela de Renan rebateu a fala da médica que disse que o tratamento precoce no Amapá resultou em um número bem menor de mortes. Entretanto, Renan apresentou dados que mostram que o estado apontado pela médica foi o sexto do país em mortes pela doença por 100 mil habitantes.

Yamaguchi nega que sugeriu mudança na bula da cloroquina

Em seu depoimento, a médica afirmou que não sugeriu mudança de bula da cloroquina. Entretanto, no relatório de Renan, ele destaca que Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde, e Antônio Barras Torres, presidente da Anvisa, afirmaram que o documento foi apresentado durante uma reunião no Planalto, no ano passado. Segundo eles, foi Nice que insistiu em querer alterar a bula da cloroquina para constar a indicação que serve para tratamento da Covid-19.