Nesta terça-feira (22), foi retomada no Senado Federal a CPI da Covid. A comissão parlamentar de inquérito apura eventuais crimes ou omissões cometidas pelo Governo do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), no combate à pandemia do coronavírus.

Osmar Terra

Para iniciar os trabalhos da semana é ouvido o médico e deputado federal Osmar Terra (MDB-RS). Terra é suspeito de fazer parte do chamado gabinete paralelo, formado por pessoas que aconselhavam o presidente da República sobre medidas para combate à pandemia. Esses supostos conselheiros minimizavam os efeitos do coronavírus.

O médico que depõe hoje chegou a falar que a epidemia de H1N1, que ocorreu há cerca de dez anos, seria pior que a atual da Covid-19. Afirmou ainda que a pandemia iria terminar sem vacina, dentre outras declarações que não condizem com a opinião da maioria da comunidade médica mundial.

Depoimento

Os senadores indagaram o médico a respeito da questão da imunidade de rebanho e de sua previsão, ainda no início do ano passado, de que a pandemia iria chegar ao fim em semanas. Terra defendeu a própria tese e fez uma comparação com outras pandemias. "Todas as pandemias anteriores foram assim. Esse vírus apresentou mutações mais rápidas e surgiram novas cepas. Foi isso que aconteceu. Essas cepas prolongaram o fim da pandemia.

Desde que a humanidade existe, a vacina passou a existir há duzentos anos, a primeira que foi da varíola. Até então, todas as epidemias, elas aconteciam com as pessoas tomando alguma medida de proteção, ninguém ficava se abraçando nas epidemias e se contaminado, mas as pessoas tentando se proteger, e quando chegava um percentual da população contaminada terminava a pandemia.

Se não a humanidade não existiria. O que aconteceu na gripe espanhola, que foi a pior de todas as pandemias, morreram 50 milhões de pessoas, calculando que até pode ter sido mais. Pandemia da gripe asiática, com três milhões de mortes. A pandemia da gripe Hong Kong: 2,5 milhões de mortes. Pandemia da gripe russa: 1,5 milhão de mortes.

H1N1: 500 mil. E agora essa [do coronavírus] que está chegando a quatro milhões de mortos no mundo. Então, todas elas tiveram um curso com medidas de proteção não farmacêuticas que não foram de trancar as pessoas em casa. Sadias em casa, de fechar comércio, e de fechar tudo. Nunca houve isso na história. E mesmo fazendo isso, nós estamos com uma quantidade enorme, infelizmente, uma trágica quantidade de mortos. Um ano depois a gente tem que chegar à conclusão do que funciona do que não funciona", analisou.

O depoente defendeu a vacinação contra a Covid-19. "É a primeira pandemia da história humana que tem uma vacina, que foi desenvolvida uma vacina, que bom que foi desenvolvida uma vacina. Imaginei que ia ter os testes tradicionais, não testaram tudo que precisava testar, mas tem que fazer a vacina. A vacina é fundamental", afirmou.