Abraham Weintraub foi o entrevistado desta segunda-feira (5) do programa "Pânico", da rede paulista de rádio Jovem Pan. Weintraub foi ministro da Educação de abril de 2019 a junho de 2020. A passagem dele pela pasta foi marcada por declarações e postagens polêmicas nas redes sociais, sendo membro do núcleo ideológico do Governo do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). Mesmo sendo parte do bolsonarismo mais visceral, Weintraub não resistiu no cargo.
Reformas
O governo Bolsonaro foi eleito num discurso de amplas reformas que quase não saíram do papel.
Abraham disse que trabalhou para aprovar a reforma da Previdência que está em vigor. Segundo ele, mesmo sendo aprovada, ela teve alguns cortes. "O plano de governo do presidente saiu do computador que eu estou usando aqui para falar com vocês. Eu e meu irmão [ex-assessor da Presidência Arthur Weintraub] a gente estava muito envolvido com a reforma da Previdência. Fiscalmente ela saiu muito íntegra. O Arthur era o responsável, teve apoio do Paulo Guedes [ministro da Economia], teve apoio das pessoas, mas ela perdeu duas coisas que a gente queria ter feito, a reforma da Previdência, que eram as contas com isenção tributária para classe média poder investir sem pagar imposto, como os ricos fazem.
Derrubaram. Porque isso ia atrapalhar os fundos de investimento dos bancos e atrapalhar também os fundos de pensão que o pessoal ali de Brasília adora [ironizou]. Então, isso daí não passou. A segunda coisa que não passou foi a chamada aposentadoria fase, que era basicamente o auxílio emergencial que a gente está vendo. Isso é, você contribuiu quinze anos para aposentadoria, e teve um perrengue na vida, está desempregado, está mal, e você vai lá e consegue um pedaço do salário, da sua contribuição, antecipadamente durante um período que sairia da sua conta de aposentadoria.
Essas duas coisas caíram, infelizmente. Mas da parte fiscal, o ganho foi muito grande. No horizonte de dez anos, conseguimos economizar R$ 1 trilhão e num horizonte de vinte anos são R$ 4 trilhões", previu.
Saída do governo
Mesmo sendo exonerado pelo presidente da República do Ministério da Educação, Weintraub diz que não carrega rancor com a demissão.
"Injustiçado e mágoa isso é para cara mal resolvido. Eu sou um cara bem resolvido. Aquela coisa: 'ah, eu não ganhei o presente de Natal que queria', quantas vezes você não passou por isso na vida? Não tem mágoa, não tem. Esse sentimento de injustiça, o mundo não é justo. Não existe isso. Vou carregar mágoa? Isso é bobagem. Olho para frente e por isso eu estou sempre rindo. Na minha mochila eu não carrego quase nada de sentimento negativo. Por isso, que eu viajo leve", afirmou.