Em artigo publicado nesta segunda-feira (12) em sua coluna no portal G1, o jornalista Valdo Cruz afirma que aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desejam que o mandatário faça “ajustes” nos rumos do Governo federal, após a divulgação da pesquisa Datafolha na última semana ter revelado uma série de resultados extremamente negativos para a imagem do governo Bolsonaro. De acordo com interlocutores, esses aliados do presidente têm falado que não querem “afundar junto” com o Planalto.

Integrantes da base de apoio do presidente da República fizeram a avaliação de que a pesquisa deu vários recados a Jair Bolsonaro: o ocupante do Palácio da Alvorada precisa fazer mudanças não apenas em sua administração, mas também em seu comportamento pessoal se ele quiser recuperar sua imagem e tornar-se competitivo para a disputa eleitora do próximo ano.

Se Jair Bolsonaro não fizer isso, a tendência é que seu governo se torne um ambiente tóxico para seus apoiadores –que têm a tendência de abandoná-lo, já que ninguém quer ficar ligado ao um candidato que é rejeitado pelo povo. Bolsonaro precisa alterar seu estilo, pois a população não está insatisfeita apenas com sua maneira de governar, mas também o seu comportamento, por diversas vezes “autoritário” e “grosseiro”, disse ao blog um líder do governo.

Datafolha

A pesquisa Datafolha publicada na última semana mostrou que a maior parte dos entrevistados é favorável à abertura de um processo de impeachment contra Bolsonaro. Ela também mostrou que a desaprovação de Bolsonaro aumentou e atingiu novo recorde.

Uma das bandeiras do bolsonarismo, o combate à corrupção, também não está convencendo as pessoas, pois 70% dos entrevistados disseram acreditar que o governo federal está contaminado pela corrupção e 63% acham que o presidente sabia do escândalo de corrupção dentro do Ministério da Saúde. Bolsonaro também não tem mais a confiança da população quando o assunto é governar o Brasil, apontou a pesquisa.

A semana passada foi marcada pela resposta de várias autoridades às falas autoritárias do presidente. As falas fazem parte de uma escalada do mandatário contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a realização das eleições para presidente do próximo ano.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), declarou que o Poder Legislativo não vai aceitar “retrocessos” e que as eleições são previstas na Constituição e irão ocorrer em 2022, e quem defende que elas não irão acontecer irá ser visto como “inimigo” do Brasil.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, também se pronunciou sobre o tema e disse que tentar impedir que as eleições no país ocorram poderá ser entendido como crime de responsabilidade.

O também ministro do Supremo Alexandre de Moraes foi na mesma linha e criticou quem defende pautas antidemocráticas e ameaçam as eleições. Moraes será o presidente do TSE quando ocorrerem as eleições presidenciais no ano que vem.