Luíz Carlos e Dirlene Barros de Oliveira, ambos professores, relataram ter sido impedidos de tomar a segunda dose da vacina para a Covid-19 por estarem usando camisetas que continham frases contra o atual presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). O fato teria ocorrido em quartel do Corpo de Bombeiros no Rio de Janeiro.
Relatos de Luíz
O professor Luíz Carlos relatou que tanto ele quanto a esposa só foram autorizados a receber a segunda dose da vacina após trocarem de roupa. O casal estava na fila de vacinação quando um militar teria se aproximado e abordado os dois com o argumento de que não seriam vacinados enquanto estivessem usando roupas que demonstrassem manifestação contra o Governo de Bolsonaro.
A ordem teria vindo do comando do quartel e, devido às circunstâncias, uma sindicância deverá ser aberta na corporação para apurar os fatos.
Abordagem
Ainda de acordo com Luíz, o militar responsável pela abordagem foi extremamente educado e, inclusive, demonstrou um certo constrangimento ao avisar o casal da ordem que havia recebido. O militar teria afirmado que, por ordem do comando, nenhuma pessoa que chegasse ao posto de vacinação utilizando roupas ou cartazes com assuntos políticos deveria ser vacinado.
O militar ainda indicou o caminho dos banheiros onde seria possível realizar a troca de roupas. O casal então resolveu a situação ali mesmo na fila. Luíz retirou a camiseta e a vestiu ao contrário, enquanto Darlene, que vestia outra blusa por baixo, apenas retirou a camiseta que continha o protesto contra Bolsonaro.
Arbitrariedade
Luíz afirma que tentou conversar com o soldado, argumentando que impedir a vacinação daquele modo era um ato ilegal. Contudo, o soldado respondeu que, caso não obedecesse às ordens do comandante e permitisse a vacinação, poderia ser preso por pelo menos 30 dias e penalizado na corporação.
O professor relatou que os soldados que estavam trabalhando no dia relatavam os mesmos argumentos e demonstravam medo diante da situação, mesmo sendo um ato ilegal.
Fotos
Além da proibição da vacina, após toda a situação ser "resolvida", o casal tentou tirar uma foto em frente ao quartel em sinal de protesto. No entanto, mais uma vez, teriam sido barrados por um militar que alegou que eles permaneciam em área militar e que deveriam tirar a foto do outro lado da rua para evitar maiores problemas para eles.
Luíz relatou que quando recebeu a primeira dose da vacina no mês de abril estava vestindo uma camiseta que também continha frases de protestos contra o atual governo e que nada de errado aconteceu. Baseado nisso, o professor acredita que as ordens devem ter sido elaboradas devido à queda de popularidade do governo nos últimos meses.
