O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a cada dia que passa está assistindo à demolição de sua narrativa de que as Eleições realizadas por meio de urnas eletrônicas não são seguras. O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB-RS), em entrevista à CNN Brasil, foi mais uma autoridade que afirmou que as eleições presidenciais do próximo ano irão acontecer, ainda que a proposta do voto impresso auditável não seja aprovada.
Na última sexta-feira (9), o líder do Executivo fez acusações, sem provas, de que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estaria participando de fraudes e ainda afirmou que “corremos o risco de não termos eleições no ano que vem".
Em sua conversa com a emissora de notícias, o general Mourão refutou a possibilidade de não acontecer a eleição para presidente da República em 2022. “As eleições serão realizadas”, disse o vice de Bolsonaro.
Repercussão
A fala do presidente da República provocou reações tanto no Judiciário como no Executivo. O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do TSE, também afirmou que as eleições de 2022 irão acontecer. Barroso enviou mensagem para o jornalista Josias de Souza, do portal UOL, na qual afirmou que está cumprindo seu papel pelo bem do país e garantiu que haverá o pleito eleitoral.
Semipresidencialismo
Na conversa com a CNN Brasil, o vice-presidente declarou que ainda não formou uma opinião sobre a adoção no Brasil do semipresidencialismo.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), declarou à CNN que uma das possibilidades para o Brasil atingir uma estabilidade política seria a adoção do sistema semipresidencialista já a partir de 2026. Ele argumentou que nesse regime seria bem menos danoso para o país se houvesse a queda de um primeiro-ministro do que a de um presidente da República.
Quando cai um presidente, quem assume é um vice, que pode não ter um alinhamento com as propostas do presidente eleito, afirmou Lira.
Palácio do Planalto
Mas essa possibilidade está causando desconfiança no Planalto. Para o entorno do presidente Bolsonaro, a mudança teria, na verdade, um interesse do Congresso em controlar o Orçamento, dessa maneira, tiraria do presidente o controle sobre a administração dos recursos.
O semipresidencialismo mistura elementos do presidencialismo e do parlamentarismo. Nesse sistema de Governo, existe um presidente, quase sempre eleito de forma direta pelo povo, e existe a figura de um primeiro-ministro, que seria eleito indiretamente pelo Parlamento. As funções do Executivo seriam divididas. O primeiro-ministro ficaria encarregado das demandas internas e do comando do governo.
Oposição
A adoção do semipresidencialismo também não encontrou acolhida entre a oposição. Muitos acreditam que se fosse aprovada a mudança, isso iria limitar a atuação, em uma possível reeleição, de um novo presidente que fosse eleito no próximo ano.