O empresário Airton Soligo, apontado por integrantes da CPI da Covid no Senado como uma espécie de "número 2 informal" da gestão do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, depôs na comissão nesta quinta-feira (5).
Segundo apuração da comissão, Soligo assumiu a função oficialmente após ter trabalhado no Ministério da Saúde por pelo menos dois meses no Governo Pazuello. Sua presença nas reuniões foi revelada pela imprensa, só então ele foi nomeado assessor especial pelo então ministro.
Agia como ministro de fato, diz senador
Soligo serviu oficialmente como Consultor Especial desde 24 de junho de 2020, sendo demitido no dia 21 de março deste ano.
O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse a veículos oficiais do Senado que o empresário estava agindo como "ministro de fato" na gestão de Pazuello.
Questionado sobre seu suposto papel como ministro, Soligo negou que isso tenha acontecido, afirmando que nunca houve terceirização de competências dentro do ministério, mas admitiu que trabalhou na pasta antes mesmo de sua nomeação.
Atraso na nomeação
Em depoimento à CPI, Soligo disse que sua nomeação demorou mais que o esperado porque, dentre outros fatores, os documentos tiveram que ser obtidos com um tabelião, cujo estabelecimento foi fechado devido à pandemia. Quando foi apresentar os documentos, os mesmos eram insuficientes, por isso pediu demissão do conselho de administração de uma pequena empresa que tinha, quando então solicitou as devidas alterações.
Soligo afirmou que, enquanto trabalhava informalmente na pasta, atuou como interlocutor com o Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde). "Como tenho relação com Conasems, fui ex-prefeito, fiquei nessa interlocução com o Conasems. Eu fiquei participando nessa reunião, nessa interlocução, com os prefeitos do nosso país", afirmou Soligo.
A comissão suspeita que o empresário atuava como gestor público sem ter vínculo formal, o que configura crime. O requerimento de convocação de Soligo foi apresentado pelo senador Randolfe Rodrigues. O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI, disse que Soligo aceitava a visita de políticos no ministério e tomava decisões em nome de Pazuello.