Relator da CPI que investiga a atuação do Governo federal na epidemia da Covid-19, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) pediu a quebra de sigilo bancário da rádio Jovem Pan por considerar que a rádio dissemina fake news.

A CPI da Covid tem por volta de 50 transferências de sigilos telefônico, telemático ou fiscal de investigados ou testemunhas registradas durante o recesso do Poder Legislativo, que devem ser apreciados a partir da semana em que recomeçam os trabalhos da CPI que investiga as ações e eventuais omissões do governo federal na gestão da pandemia do coronavírus.

Fake News

De acordo com a Agência Senado, os parlamentares terão quase 400 pedidos para serem apreciados, a maioria deles diz respeito à convocação de testemunhas. No caso da rádio Jovem Pan, Renan Calheiros justificou seu pedido usando como base as informações e depoimentos colhidos que mostraram o papel de protagonista na criação ou ainda divulgação de conteúdo inverídico na internet. A rádio recebeu até mesmo a classificação de “militante digital” por sua atuação no aumento da radicalização nas redes sociais, usando para isso fake news.

Esse papel atribuído à Jovem Pan estaria ocorrendo com o apoio do “gabinete do ódio” que estaria estabelecido no governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

O gabinete do ódio seria o responsável por incentivar o uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19 e de divulgar teorias como a imunidade de rebanho.

Abert

A atitude de Renan Calheiros fez com que a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) divulgasse uma nota de repúdio. Além da Abert, também foram contra a medida a Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abratel).

A nota da Abert diz que a iniciativa do relator da CPI da Covid não mostra quaisquer dados ou informações concretas que pudessem justificar que fosse adotada uma medida radical contra a emissora. A nota diz ainda que a rádio cumpre seu papel de levar informação para as pessoas sobre acontecimentos de interesse público e que tentar intimidar o trabalho da imprensa seria “uma afronta à liberdade de expressão”, opinião que foi compartilhada por Antônio Augusto de Carvalho Filho, mais conhecido com Tutinha, presidente da rádio Jovem Pan,

Por causa da repercussão negativa, a CPI da Covid deu um passo atrás e cogita até mesmo retirar o requerimento da pauta.

Respondendo ao posicionamento da Abert, a assessoria do senador Renan Calheiros declarou que a quebra de sigilo da rádio ainda será debatida na segunda-feira (2), em uma reunião da cúpula da comissão, antes que os trabalhos sejam retomados.