A comissão parlamentar de inquérito (CPI) da Covid do Senado irá retomar os trabalhos nesta semana, depois do final do recesso do Poder Legislativo. Os próximos depoentes serão os intermediários que negociaram imunizantes com o Governo federal sem a permissão das fabricantes das vacinas.
Programação
Em entrevista à emissora GloboNews no domingo (1°), o senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI que investiga as ações e eventuais omissões do governo federal na gestão da pandemia do coronavírus, declarou que os próximos depoimentos serão: reverendo Amilton, terça-feira (3); coronel Marcelo Blanco, na quarta-feira (4), e o empresário Airton Cascavel, na quinta-feira (5).
Em princípio, estava previsto para depor Francisco Maximiano, o sócio da empresa Precisa Medicamentos. Maximiniano iria depor na quarta-feira (4), mas o empresário viajou para a Índia no dia 25 de julho. Ele recebeu a notificação da secretaria da CPI apenas no dia seguinte.
De acordo com Aziz, está previsto que a comissão o ouvirá na próxima semana, assim como outras pessoas que estão de alguma maneira ligadas à Precisa Medicamentos, a empresa que negociou com o governo federal sem o conhecimento dos fabricantes.
Reverendo Amilton
O primeiro a ser ouvido na nova fase da CPI da Covid, o reverendo Amilton Gomes de Paula é o fundador da Senah (Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários). Ele teria negociado a venda do imunizante AstraZeneca em nome do governo do Brasil.
O reverendo Amilton fundou a Senah, uma organização evangélica, em 1999. A sede da organização é em Águas Claras, no Distrito Federal.
O reverendo depois também desenvolveu o Fest Vida, projeto de ação sociocultural que atuava no DF e Goiás. Como foi revelado pelo "Jornal Nacional", da Rede Globo, e-mails mostram que Lauricio Monteiro Cruz, ex- diretor de Imunização do Ministério da Saúde, autorizou que o reverendo e sua entidade negociassem 400 milhões de doses da vacina com a empresa americana Davati.
Coronel Marcelo Blanco
O coronel Marcelo Blanco atuou como diretor substituto do Departamento de Logística do Ministério da Saúde. Blanco participou de um jantar em um restaurante em Brasília em que supostamente teria acontecido o pedido de propina na negociação para a compra da AstraZeneca. A presença do ex-funcionário da pasta da Saúde no jantar foi citada por duas vezes em depoimentos à CPI da Covid.
Airton Soligo
O empresário é mais conhecido com Airton Cascavel. Ele teria participado do Ministério da Saúde, mesmo sem ter um cargo oficial. O empresário é ligado ao ex-ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello. Segundo o que foi apurado pela CPI, existem registros do empresário em ações que são exclusivas de funcionários públicos, como agendas públicas de Eduardo Pazuello em encontros com prefeitos e secretários estaduais de saúde.
Capitã cloroquina
Omar Aziz também declarou na entrevista que deverá ser votado na terça-feira (3) requerimento com pedido para que Mayra Pinheiro, secretária do Ministério da Saúde, seja afastada. De acordo com o senador, a médica, que é conhecida como capitã cloroquina, estaria usando a estrutura da pasta da Saúde para disseminar informações falsas sobre medicamentos que não têm eficácia contra o coronavírus. O senador completou dizendo que se o Ministério da Saúde não afastar Mayra, a CPI irá levar o caso para a Justiça.