O ministro da Educação, Milton Ribeiro, fez uma declaração bastante polêmica ao afirmar que alunos com deficiência "atrapalham" os demais estudantes sem essa condição quando participam das mesmas classes. A polêmica foi rebatida pelo senador e ex-jogador de futebol Romário (PL-RJ), que é pai de uma menina com síndrome de Down, a jovem Ivy, de 16 anos.

'Novo sem Censura'

O ministro deu uma entrevista ao programa "Novo sem Censura", transmitido pela TV Brasil, no decorrer da semana passada. Durante a entrevista, Milton Ribeiro falou sobre o que chama de "inclusivismo", termo este usado pelo atual ministro para explicar a junção de crianças com e sem algum tipo de deficiência na mesma sala escolar.

O ministro afirmou que, no chamado "inclusivismo", as crianças com algum tipo de deficiência acabam atrapalhando o aprendizado das crianças sem deficiências (neurotípicas). As alegações do ministro da Educação foram justificadas pela suposta falta de profissionais qualificados para atender este "público" nas instituições de ensino.

Romário

Pai da jovem Ivy, Romário se manifestou através de suas redes sociais sobre as declarações do ministro e alegou que as falas são de uma pessoa privada de inteligência. O senador ainda chamou o ministro de "imbecil" e afirmou que, apesar deste tipo de frase ser exposta aos montes, não esperava tais colocações de um ministro da Educação.

Resposta de Ribeiro

Descontente com a posição do parlamentar, o ministro acabou rebatendo e o chamou de deselegante a forma com que Romário se dirigiu a ele.

O ministro ainda sugeriu que acreditava que Romário não teria assistido à entrevista e que a frase usada nas redes havia sido tirada de contexto.

Turmas exclusivas

Ainda durante a entrevista, Ribeiro criticou a Política Nacional de Educação Especial responsável por definir a existência de turmas mistas e defendeu que a criação de escolas especializadas e turmas exclusivas para o atendimento de pessoas com algum tipo de deficiência seria o correto.

O ministro também falou sobre as universidades brasileiras, afirmando que, em sua visão, elas deveriam ser para "poucos". Ribeiro defende ainda que os institutos federais que trabalham na formação de profissionais técnicos ainda serão os protagonistas do futuro no país.

Nota

A Comissão Externa de Acompanhamento do Ministério da Educação, formada por deputados federais, concordou com as críticas realizadas pelo senador Romário em torno das falas do atual ministro da Educação e relatou, em nota oficial, que os dizeres vão contra todas as leis e as normas que garantem a inclusão de pessoas com qualquer tipo de deficiência na sociedade como um todo, incluindo o campo educacional.

A nota firmava ainda que a inclusão é a força motriz para a existência de uma educação acessível a todos e que respeita e abraça a cidadania.