As declarações polêmicas do cantor sertanejo Sérgio Reis, que em áudio vazado nos últimos dias deixou clara sua intenção de incentivar a invasão do Supremo Tribunal Federal (STF), caso o Senado não atendesse a uma ordem para derrubar os ministros da Corte, causou reação não só da opinião pública, mas também de pessoas próximas ao artista. Foi o caso do também sertanejo Renato Teixeira, parceiro de longa data do intérprete de “Panela Velha”, o que rendeu até mesmo um Grammy Latino em 2015 à dupla.

Democracia

Depois que se tornou público o áudio de Sérgio, o autor de “Romaria”, por meio de sua conta no Instagram, declarou que "a democracia é um bem conquistado a duras penas".

Ele disse ainda que nunca iria usar seu prestígio para cometer atentados contra o sistema democrático.

Parceria

Sérgio Reis e Renato Teixeira são amigos há décadas e gravaram dois álbuns juntos: “Amizade Sincera” (2010) e “Amizade Sincera II” (2015). Em 2020, durante a pandemia, eles fizeram lives juntos e até haviam marcado alguns shows. O cantor e ex-deputado federal pelo partido Republicanos teve o áudio vazado durante o final de semana. No áudio, o cantor diz que seu reuniu com produtores de soja, além do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o ministro da Defesa e comandantes das Forças Armadas.

Golpe

Na gravação, o sertanejo relatou que iria ele próprio ao Senado, no dia 8 de setembro, acompanhado de empresários da soja e lideres dos caminhoneiros para entregar um documento ao presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

No documento seria exigida a aprovação imediata do voto impresso e a destituição de todos os ministros do Supremo. No áudio, o cantor diz que não se trata de um pedido, e sim de uma ordem.

Ele ainda disse que seriam dadas 72 horas para que as demandas fossem atendidas. "Se vocês não cumprirem em 72 horas, nós vamos dar mais 72 horas.

Mas nós vamos parar o país. Já está tudo armado. O país vai parar... tudo. Norte a sul, leste a oeste. Os plantadores de soja vão colocar as colheitadeiras na estrada. Ninguém vai andar em carro particular, nem ônibus", disse Sérgio Reis.

No final, ele ainda deu mais uma declaração de maneira direta, de que enquanto os senadores não tomarem a decisão que foi ordenada pelo grupo, eles irão permanecer em Brasília até que sejam atendidos.

Se no prazo de 30 dias "eles não tirarem aqueles caras", referindo-se aos ministros do Supremo, eles iriam "invadir, quebrar tudo e tirar os caras na marra".

Depois da repercussão negativa de suas declarações, o cantor de 81 anos chorou ao comentar sobre o tema em uma live nas redes sociais. Ele disse que queria que os pedidos de impeachment de ministros da mais alta Corte do país fossem apenas estudados pelos senadores, mesmo com suas falas golpistas tendo sido bem claras no áudio vazado.