O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid, declarou nesta quarta-feira (18) que incluiu o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR) na lista de investigados da comissão parlamentar de inquérito que investiga as ações e eventuais omissões do Governo federal na gestão da pandemia do coronavírus.

Os Miranda

O deputado é o líder do governo federal na Câmara. O nome de Barros entrou na mira dos senadores da CPI após o também deputado Luis Miranda (DEM-DF) e seu irmão, Luis Ricardo Miranda, um servidor do Ministério da Saúde, terem revelado suspeitas na negociação do imunizante da Índia Covaxin.

Segundo o relato dos irmãos Miranda à comissão, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) citou o nome de Ricardo Barros ao ser comunicado sobre as suspeitas em relação à aquisição da vacina.

Segundo o relator da CPI da Covid, o nome de Barros está sendo colocado junto aos que já estão sendo investigados em função dos indícios da participação do deputado na “rede criminosa que tentava vender vacinas através dos atravessadores”.

O relator ainda declarou que quando alguém tem o nome incluído na lista dos investigados, isso quer dizer que há indícios do cometimento de crimes por essa pessoa.

Ricardo Barros

Após a declaração de Calheiros, Barros publicou em uma rede social que sua conduta é “exemplar” e que nada será encontrado nas investigações da CPI.

"CPI interrompe o meu depoimento, anuncia que sou investigado e que não pretende mais me ouvir. Não suportam a verdade e usam táticas covardes de vazamento. Minha conduta parlamentar é exemplar. Nada encontrarão. Agora, meus advogados conduzirão o relacionamento com a CPI", escreveu Barros.

É responsabilidade de Renan Calheiros elaborar um parecer ao término da CPI da Covid e enviar ao Ministério Público (MP) possíveis pedidos de indiciamento.

O relator afirmou que Ricardo Barros passou a ser tratado pela CPI como investigado "pelo conjunto da obra, pelos indícios, pelo envolvimento, pela comprovação da participação dele em muitos momentos".

Calheiros também destacou o suposto envolvimento do líder do governo Bolsonaro na Câmara no caso Covaxin.

O senador relatou que a comissão sabe que outras pessoas negociaram imunizantes com Barros e foram enviadas para o Roberto Ferreira Dias, que exerceu a função de diretor de Logística do Ministério da Saúde durante as aquisições de imunizantes.

Dias foi acusado pelo policial militar Luiz Paulo Dominghetti de ter cobrado propina no valor de US$ 1 por dose da vacina AstraZeneca. Depois da denúncia, Dias foi exonerado. Ele negou as acusações.

Na quinta-feira (12), Ricardo Barros foi ouvido na CPI da Covid. Em sessão foi tumultuada, o deputado irritou os senadores ao declarar que a CPI estaria distanciando o país das empresas fabricantes de imunizantes.

Antes do término, aconteceu um bate-boca, o líder do governo na Câmara foi acusado de estar mentindo e por duas vezes a audiência foi suspensa.

O deputado negou que tivesse atuado para favorecer ilegalmente vendedores de imunizantes. No final, Barros foi convocado de novo para falar na CPI.