Provável candidato à reeleição neste ano, o presidente Jair Bolsonaro (PL) terá que lidar com assuntos considerados "críticos" e que podem, ao longo de 2022, comprometer sua popularidade, de acordo com avaliação feita por aliados do mandatário ouvidos pelo portal UOL.

Vacinação infantil

Um dos temas que atualmente provocam mais temor é a dedicação pessoal do ocupante do Palácio da Alvorada em pregar contra a vacinação infantil na luta contra a Covid-19. O presidente foi aconselhado por auxiliares, tanto os da ala militar quanto os da ala política, a cessar com as falas críticas à imunização, principalmente em crianças de 5 a 11 anos.

Entretanto, após uma pequena trégua no recesso de final de ano, Bolsonaro voltou com tudo em 2022 e, além de criticar a vacinação infantil, também voltou a atacar a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Segundo os aliados do presidente ouvidos pelo UOL, Bolsonaro poderá arcar com um custo eleitoral altíssimo e sem volta por causa de suas convicções pessoais, pois levantamentos internos dizem que a maioria da população apoia a imunização total contra o coronavírus.

Os ataques de Bolsonaro continuaram depois que o próprio Ministério da Saúde anunciou a inclusão da faixa etária de 5 a 11 anos no PNI (Programa Nacional de Imunizações) contra a Covid-19. A atitude do presidente Bolsonaro deixou incrédula parcela de seus aliados.

A variante ômicron deverá se tornar a dominante no Brasil, e entende-se que haverá maior suscetibilidade em relação à infecção de crianças e adolescentes. Bolsonaristas estão receosos que, se as contaminações nesse grupo explodirem, o presidente seja responsabilizado em ano eleitoral.

Mesmo com todos os avisos e de ir na contramão do cenário crítico com o avanço da nova variante, Bolsonaro tem dito, sem nenhuma base científica, que crianças entre 5 e 11 anos têm imunidade biológica contra a Covid-19.

Na última quinta-feira (6), o líder do Executivo deu uma entrevista à TV Nova Nordeste e declarou que não conhece ninguém nessa faixa etária que tenha falecido de Covid-19 no Brasil.

Números oficiais contradizem Bolsonaro. De acordo com o SIVEP-Gripe, base de dados do SUS, desde março de 2020 aconteceram mais de 300 mortes de crianças e adolescentes por causa da Covid-19.

Aliado a isso, ainda há o fato de Bolsonaro não ter abandonado sua crença em medicamentos sem nenhuma eficácia contra o coronavírus, como hidroxicloroquina e ivermectina, mesmo após a ciência constatar a ineficácia desses remédios contra a doença.

Auxiliares do mandatário se mostraram preocupados com o poder de alcance das falas de Bolsonaro, pois sua popularidade está em baixa, segundo as pesquisas mais recentes. No mês de dezembro, pesquisa Datafolha mostrou que 53% dos entrevistados reprovam a maneira como ele administra o Brasil.