O escritor Olavo de Carvalho morreu nesta segunda-feira (24), aos 74 anos. As causas da morte não foram divulgadas pela família. No início do mês, ele havia contraído Covid-19, doença que ele negava a existência, além de ser crítico da vacina.
Olavo estava hospitalizado nos EUA, país onde residia e de onde transmitia suas aulas de filosofia --sem ter formação na área-- via internet. Escritor de pouca relevância no mundo acadêmico, foi alçado à fama nacional quando o então candidato à presidência Jair Bolsonaro disse que Olavo era sua leitura de cabeceira.
Olavo de Carvalho era influenciador digital da direita
Após a eleição de Bolsonaro, Olavo de Carvalho influenciou a composição do Governo, indicando vários ministros, até se indispor com outros integrantes do clã bolsonarista e, em seu fim de vida, criticava os rumos do governo. Ele minimizava casos de corrupção no atual governo, como o escândalo das rachadinhas e o caso Queiroz. Na época ele disse que corrupção pode acontecer em qualquer governo, e que poderiam chamar o presidente de burro e de mau administrador, mas não de ladrão. Ele culpava as dificuldades de gestão do governo a medidas do STF e do Congreso, desculpa comum entre os apoiadores de Bolsonaro.
Em julho do ano passado, ele havia viajado para o Brasil para tratar de problemas cardíacos [VIDEO]e ficou internado por três meses.
Ele tinha diversas comorbidades. O presidente Jair Bolsonaro se manifestou publicamente dizendo que Olavo era um dos maiores pensadores da história do Brasil. Seus escritos pregavam ódio à esquerda e alimentava diversas teorias da conspiração que eram replicadas nas redes sociais por apoiadores de Bolsonaro.
Olavo de Carvalho foi intimado pela PF em investigação sobre fake news
Ele chegou a ser ouvido pela Polícia Federal em videoconferência em novembro de 2021, numa investigação que apura a suposta existência de uma organização criminosa dentro do governo disseminado fake news, o chamado gabinete do ódio, com verbas públicas para a contratação de empresas de mídia social.
Carvalho estava no Brasil e havia fugido da intimação da PolÍcia Federal para depor no inquérito. Ele cruzou a fronteira com o Paraguai de carro, sem ser incomodado pela polícia, e pegou um voo para os EUA.
Olavo de Carvalho se indispôs com apoiadores
Ao perder espaço e influência dentro do governo, o escritor passou a atacar seus próprios aliados, principalmente o filho 02 do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro, que tem mesa no Palácio do Planalto, participa do centro do poder, viaja frequentemente com o pai para cumprir agenda oficial e é conhecido como coordenador das plataformas digitais do governo.
O vice-presidente, general Hamilton Mourão, interveio na briga e minimizou os fatos em declarações à imprensa, mas suas falas foram atacadas por Carlos Bolsonaro. O próprio presidente tentou apagar o fogo amigo, sem sucesso.