O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) fez um post elogioso em sua conta no Twitter ao general Newton Cruz, falecido na última quinta-feira (15). O filho 03 do presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que Cruz foi um “herói nacional”. Eduardo ainda prestou homenagem ao general dizendo que ele foi responsável pela liberdade do Brasil a partir de 1964, em uma declaração elogiosa à ditadura militar.

Currículo

Newton Cruz comandou a Agência Central do SNI (Serviço Nacional de Informações) no período de 1977 a 1983, durante a ditadura militar, e também esteve a frente do Comando Militar do Planalto.

Cruz ficou famoso por não ter impedido o atentado a bomba no Riocentro, o mais famoso de uma série de atentados organizados por agentes de repressão, contrariados com a abertura política.

Atentado do Riocentro

Na noite de 30 de abril de 1981, uma bomba explodiu em um automóvel da marca Puma no estacionamento do centro de convenções Riocentro, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Na ocasião, o inquérito policial militar instaurado pelo Exército jogou a culpa pelo atentado em terroristas de esquerda.

Três décadas se passaram e em 2012 o Ministério Público Federal do Rio de Janeiro fez uma investigação mais aprofundada do caso Newton Cruz, que já ocupava o posto de general e comandava o SNI. Ele tomou conhecimento do atentado (pelo menos com uma hora de antecedência) e permitiu que ele fosse em frente.

O general foi acusado de formação de quadrilha ou bando, homicídio tentado, fraude processual, transporte de explosivos e favorecimento pessoal.

Newton Cruz também respondia pela acusação de participação na morte do jornalista Alexandre Von Baumgarten e também da esposa do jornalista, ambos executados em 1982. Cruz nunca foi condenado pelos crimes em que foi acusado.

O presidente Jair Bolsonaro enviou uma coroa de flores para o velório do general.

A postagem de Eduardo Bolsonaro foi realizada em meio à repercussão da divulgação de gravações em áudio do STM (Superior Tribunal Militar) que comprovam que houve tortura durante a ditadura militar no Brasil. As gravações fazem parte de um total de 10 mil horas de material produzido durante o período de 10 anos em que as sessões do STM foram gravadas, o que inclui também as sessões secretas.

As sessões aconteceram entre 1975 e 1985.

A divulgação dos áudios das sessões do STM foi motivada pela fala de Eduardo Bolsonaro, que fez deboche com o caso de tortura sofrida pela jornalista Míriam Leitão, da Rede Globo. Eduardo repetiu a piada que seu pai já havia feito sobre o caso em que a jornalista foi torturada quando estava grávida. Ela foi deixada nua em uma sala escura com uma cobra. A própria profissional da imprensa foi quem divulgou os áudios no programa "Fantástico" e no jornal O Globo no último domingo (17).