O presidente Jair Bolsonaro (PL) é um notório defensor da ditadura militar ocorrida no Brasil e também defensor da tortura, tendo como herói o torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra. O filho 03 do ocupante do Palácio da Alvorada, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), é outro do clã Bolsonaro a defender o golpe militar.

Diante de defensores notórios da ditadura, fica fácil para o vice-presidente da República, o general da reserva Hamilton Mourão (Republicanos), passar quase despercebido. Talvez poucas pessoas lembrem que Mourão também é defensor da ditadura militar.

Risos

O próprio vice de Bolsonaro fez questão de refrescar a memória dos esquecidos ao fazer piada com a possibilidade de se investigar os casos de tortura cometidos por militares no período ditatorial do Brasil. Mourão conversou na última segunda-feira (18) com a imprensa na entrada do Palácio do Planalto.

Ele riu quando foi perguntado sobre os áudios que foram divulgados pela jornalista Miriam Leitão no jornal O Globo e na edição do domingo (17) do programa "Fantástico", da Rede Globo, que revelam sessões do Superior Tribunal Militar (STM). As gravações mostram que os ministros não têm opinião unânime, alguns deles defendem a apuração das denúncias de tortura, enquanto outros não acreditam no que foi dito pelos acusados.

Aos risos, Mourão questiona sobre o que teria para ser apurado. "Os caras já morreram tudo, pô. Vai trazer os caras do túmulo de volta?", ele perguntou. Não fica claro na fala do vice-presidente se ele estava se referindo aos ministros do STM ou aos torturadores quando disse que estavam todos mortos.

No mês de março, Hamilton Mourão saiu em defesa do golpe de 1964, que teve como resultado uma ditadura no país.

Nas palavras do general da reserva “a Nação salvou a si mesma”. A ditadura militar no Brasil durou 21 anos (1964-1985). O período foi um dos mais duros na história recente do país, durante o qual aconteceram torturas, censura, os direitos humanos não foram respeitados, além de precarização na saúde e falta de transparência, o que facilitou casos de corrupção.

Na segunda-feira (18), o senador Humberto Costa (PT-PE), presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, declarou no Twitter que irá pedir acesso às gravações das sessões do STM. Costa declarou que as revelações demonstram que o trabalho de investigação do passado mal começou. Ele disse ainda que a Comissão da Verdade foi um bom começo, porém ainda há um longo caminho a ser percorrido, sendo assim, a Comissão de Direitos Humanos do Senado irá pedir acesso ao material e irá tomar providências, disse o senador petista.