Um dos primeiros atos do presidente Jair Bolsonaro (PL) quando assumiu no dia 2 de janeiro de 2019 foi a montagem de um escritório no Rio de Janeiro para que o líder do poder Executivo pudesse despachar em seu domicílio eleitoral. O escritório já gastou R$ 1,7 milhão somente em salários de servidores e nunca foi usado de maneira oficial pelo ocupante do Palácio da Alvorada, afirma o jornal Extra, que visitou o local na última quinta-feira (7).

Posto Ipiranga

Se Bolsonaro não utiliza o gabinete regional instalado no Palácio da Fazenda, no centro da cidade maravilhosa, o ministro da Economia, Paulo Guedes, quando vai à cidade utiliza as instalações.

No total, são quatro servidores que trabalham no escritório destinado ao presidente da República. O local passou por reformas e ficou pronto no dia 2 de maio de 2019.

O jornal do grupo Globo, por meio da Lei de Acesso à Informação, fez com que a Secretaria-Geral do Planalto, responsável pelas questões administrativas da Presidência, confirmasse que Jair Bolsonaro nunca esteve no local.

Bolsonaro nasceu em São Paulo, mas sua carreira política foi construída no Rio de Janeiro. Ele se elegeu deputado federal por sete vezes e possui uma casa em um condomínio na Barra da Tijuca. Desde que se tornou presidente da República, Bolsonaro fez nove viagens oficiais ao Rio de Janeiro.

Ainda de acordo com o Governo federal, o local foi montado para que o presidente pudesse trabalhar enquanto estivesse na cidade do Rio, e também serviria para abrigar ministros de Estado, quando isso fosse necessário.

Mas consta nos registros oficiais que nunca houve visita presencial de ministros.

Quando visitou o endereço, a equipe de reportagem do jornal Extra foi acompanhada de um funcionário até o 10º andar, onde fica localizado o escritório, mas não encontrou sinais de que havia alguém trabalhando no local.

Na sala que foi indicada que seria o local destinado para as atividades do presidente Bolsonaro não havia nada que fizesse menção à Presidência da República.

Todas as outras salas próximas ao local estavam trancadas. Um funcionário do prédio, que afirmou que trabalha no local há 32 anos, disse que nunca soube que ali existia um gabinete reservado para o presidente Jair Bolsonaro.

O Extra também conversou com Andrea de Almeida Porto, capitã reformada da Marinha, que trabalha como assessora especial da Presidência no Rio de Janeiro.

Ela argumentou que a falta de servidores no local às 15h45 se tratou de uma “coincidência”. Ela afirmou ainda que todos os dias existe alguém que está trabalhando no local.

Barrados

No dia seguinte, a equipe de reportagem retornou ao local, porém foi impedida de subir no edifício. Em nova conversa por telefone, André Malícia, coronel da reserva que ocupa a função de assessor especial da Presidência, confirmou que o gabinete regional funciona no imóvel visitado pelo jornal carioca no dia anterior e afirmou que Bolsonaro nunca visitou o lugar. O Extra procurou a Secretaria-Geral da Presidência da República e também a Secretaria de Comunicação e ambas não quiseram se manifestar.