O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a falar sobre a reportagem do portal UOL que mostrou que, desde a década de 1990, o clã Bolsonaro comprou 107 imóveis, dos quais 51 com dinheiro vivo. Em entrevista à rádio Jovem Pan, o mandatário declarou que metade dos imóveis é de propriedade de um "ex-cunhado" com o qual ele não tem mais relações. Ele ainda indagou o que ele teria a ver com este ex-cunhado. A entrevista foi gravada na última quarta-feira (31) e deverá ir ao ar na próxima segunda-feira (5). Um trecho da entrevista foi divulgado nesta quinta-feira (1°), durante o programa "Morning Show".

Fake news

Jair Bolsonaro faltou com a verdade quando disse que metade dos 51 imóveis total ou parcialmente pagos com dinheiro vivo são de seu ex-cunhado José Orestes Fonseca e da irmã de Bolsonaro, Maria Denise Bolsonaro. Segundo o levantamento patrimonial realizado pelo UOL, apenas oito dos 51 imóveis comprados com dinheiro em espécie foram adquiridos por José e Maria.

A irmã do presidente da República e José Orestes casaram-se em 1980 em regime de comunhão universal. O ex-casal agora está brigando na Justiça pela divisão dos bens. Até que a disputa seja resolvida na Justiça, o patrimônio pertence aos dois, isto inclui até mesmo bens que foram adquiridos recentemente.

Consta do patrimônio quase dez lojas, uma casa de veraneio à beira-mar em Cananeia, litoral sul paulista, com moto aquática e lancha, e duas mansões em uma área de mais de 20 mil metros quadrados no centro de Cajati, no interior de São Paulo.

Dinheiro vivo

O dinheiro em espécie para o pagamento de transações imobiliárias não é ilegal, mas pode ser indicativo de operações de lavagem de dinheiro ou ainda ocultação de patrimônio. O Senado debate um projeto de lei que sugere que seja proibido este tipo de operação, porém o texto encontra-se travado há quase um ano, esperando que seja designado um relator para que siga a tramitação na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).

Ao falar sobre a reportagem, Jair Bolsonaro errou e disse que o levantamento dos imóveis da família Bolsonaro foi feito pelo jornal Folha de S. Paulo –a apuração, na verdade, foi feita por jornalistas do portal UOL. O mandatário ainda se queixou de o texto ter mencionado Olinda Bonturi Bolsonaro, mãe do presidente, que faleceu em janeiro deste ano.

Antes da publicação da reportagem, o portal UOL entrou em contato com o presidente da República por meio de sua assessoria de imprensa para perguntar quais os motivos de sua família preferir comprar imóveis com dinheiro em espécie. O líder do Executivo não quis responder ao questionamento do UOL.