Virou alvo de questionamentos pela Câmara dos Deputados a escolha dos integrantes da comitiva levada pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), ao funeral da rainha Elizabeth 2ª, ocorrido em Londres. Na última terça-feira (20), o deputado federal Marcelo Calero (PSD-RJ) entrou com pedido de dois requerimentos de informação ao ministro das Relações Exteriores, Carlos França.

O escolhido

Os pedidos indagam, principalmente, a escolha dos integrantes que viajaram para a Inglaterra, entre eles o pastor Silas Malafaia [VIDEO], que é líder da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo.

O próprio pastor declarou que não sabe o motivo de ter sido escolhido por Jair Bolsonaro. Malafaia também estava na comitiva presidencial que foi para Nova York, onde Bolsonaro discursou na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). O pastor admitiu que não fez nada na ocasião.

Malafaia conversou com a imprensa na segunda-feira (19) e declarou que o ocupante do Palácio da Alvorada levou à Londres um padre e um pastor pela “questão da religião cristã, sobre morte e vida eterna”. Malafaia ainda disse que não teve curiosidade de perguntar a Bolsonaro o motivo do candidato à reeleição o ter levado ao funeral da rainha Elizabeth 2ª.

O deputado Marcelo Calero usou a fala do pastor aliado de Bolsonaro para fundamentar seu pedido de esclarecimentos e ressaltou que Silas Malafaia não ocupa nenhum cargo no Governo, seja no Ministério das Relações Exteriores ou em quaisquer outros órgãos federais.

Calero, que é diplomata de carreira, também questionou o Itamaraty sobre os custos que a embaixada do Brasil em Londres teve para que o líder do Executivo do Brasil discursasse para seus apoiadores na varanda da residência oficial do chefe da missão. Bolsonaro fez um discurso eleitoreiro em Londres, mas negou que aproveitou sua ida à Grã-Bretanha para fazer campanha eleitoral.

Lula

Silas Malafaia é aliado de longa data do presidente Jair Bolsonaro, porém, o mesmo pastor, que ficou conhecido nas redes sociais por seus discursos inflamados contra a esquerda, já foi aliado dos ex-presidentes petistas Lula e Dilma Rousseff. Agora viralizou um vídeo antigo em que Malafaia faz um discurso radicalmente contra a postura armamentista do atual presidente da República.

A campanha de Lula aproveitou a situação e pagou ao YouTube para veicular as falas do conselheiro de Jair Bolsonaro. O pastor foi questionado pelo jornal Folha de S.Paulo sobre o assunto e declarou que não está de acordo com o pensamento de Bolsonaro sobre a questão das armas. Ele afirmou que é “aliado, não alienado” e ainda disse que não é “bolsominion”.