O presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), visitou Pelotas (RS) nesta terça-feira (11) e concedeu uma breve entrevista na qual atribuiu à imprensa a proposta de aumentar de 11 para 15 o número de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Não foram os repórteres que mencionaram o assunto. O próprio Bolsonaro foi quem levantou o tema quando questionado sobre os testes realizados pelas Forças Armadas sobre a integridade das urnas eletrônicas no primeiro turno das Eleições deste ano.

Segundo Bolsonaro, ele não recebeu nenhum relatório dos militares, assim como também não disse que iria aumentar o número de ministros do STF.

"Quem falou que eu recebi relatório [dos militares]? Igual à imprensa falou que eu vou passar para mais cinco no Supremo. Eu falei que isso não estava no meu plano de Governo. Botaram na minha conta", disse. Questionado se tinha a pretensão de aumentar o número de ministros, o presidente acusou novamente a imprensa: "Vocês que inventaram isso. Vocês é que digam".

No último domingo (9), o líder do Executivo afirmou que, se for reeleito, deve avaliar a proposta do aumento de cadeiras no Supremo somente após as eleições e afirmou que sua decisão irá depender da "temperatura" do STF. Porém, à noite, ele baixou o tom e afirmou que pretende ter uma conversa depois das eleições com a ministra Rosa Weber, presidente do STF para pacificar o clima.

Em entrevista a um canal do YouTube, Bolsonaro declarou que, caso vença a eleição, ele poderá indicar mais dois ministros para a mais alta corte do país, pois Rosa Weber e Ricardo Lewandowski irão completar 75 anos no próximo ano e terão que se aposentar. O presidente já nomeou dois nomes para o STF: Kassio Nunes Marques e André Mendonça.

Cartilha

Segundo noticiado pela jornalista Andréia Sadi em seu blog no portal G1, a proposta de Bolsonaro está sendo entendida por pelo menos três ministros do STF como uma espécie de chantagem. Como revelado pela GloboNews no dia 5 de setembro, a ideia está circulando desde o mês de maio no Palácio do Planalto, porém ganhou força mesmo quando Bolsonaro a verbalizou se ele ganhar as eleições.

Esses ministros teriam resolvido manter silêncio sobre o assunto, mas nos bastidores eles classificaram a ideia como uma “cartilha autoritária”.

Segundo Sadi, um dos ministros disse: "[Hugo] Chávez fez na Venezuela, [Viktor] Orbán na Hungria, idem na Polônia. É a cartilha autoritária. Roosevelt tentou nos Estados Unidos, mas o Congresso rejeitou". Outros entendem que se trata de uma chantagem de Bolsonaro para que o ministro Alexandre de Moraes arquive inquéritos que têm como alvo o clã Bolsonaro e aliados. No mês de agosto já houve por parte de bolsonaristas uma tentativa de acordo. Eles queriam que inquéritos que estão investigando a família Bolsonaro fossem arquivados e, em troca, o presidente iria cessar os ataques à Corte.