A dentista Andrea Barbosa, ex-mulher do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, deu seu relato sobre o que pôde ver nos bastidores do Ministério da Saúde quando o então companheiro era o titular da pasta no período da pandemia da Covid-19. De acordo com a dentista, o Governo do presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), fez uso do estado do Amazonas como uma espécie de laboratório humano para realizar testes com a chamada imunidade de rebanho.
Em um dos momentos mais críticos da pandemia, Manaus enfrentou um colapso no sistema de saúde por causa da falta de oxigênio para os cidadãos internados com Covid-19.
A CPI da Covid, realizada pelo Senado, investigou responsabilidades sobre a má condução da pandemia pelo atual governo. Os senadores apontaram o general especializado em logística como um dos responsáveis pela crise ocorrida no Amazonas, onde centenas de pessoas faleceram pela falta de oxigênio.
A dentista fez uma postagem em seu Instagram e afirmou que jamais irá perdoar o atual governo e aqueles que compactuaram com ele. Ela negou que sua indignação com o governo Bolsonaro seja por algum motivo pessoal. Atualmente, Andreia está apoiando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa eleitoral para a presidência da República. A profissional da saúde contou que se separou de Pazuello depois de ter descoberto uma traição.
Relato
Andrea contou que estava em Manaus, contra sua vontade, mas na ocasião, ela ainda acreditava que poderia salvar seu casamento e enfrentou o desafio. "Eu estava lá quando Manaus foi feita de laboratório pra testar imunidade de rabanho (isso mesmo, aquela mesma que se testa em gados), quando a cloroquina, medicamento comprovadamente ineficaz, era prescrita até para grávidas em estado febril pelo aplicativo TratCov", relatou ela no Instagram.
Ela contou ainda que estava em Manaus na época em que milhares de caixões estavam sendo enterrados em valas porque já não havia mais espaço no cemitério e Jair Bolsonaro dizia que não tinha nada a ver com aquilo porque não era coveiro.
Em seu relato, ela ainda afirmou que enquanto estava acontecendo a crise em Manaus, enquanto estavam distribuindo cloroquina para a população, "a equipe do ministério que distribuía cloroquina, esbaltava-se de whiskies caros e taifeiros do exército servindo a alta burguesia da cidade sem oxigênio".
O jornal Estado de Minas entrou em contato com o Ministério da Saúde sobre as acusações, que respondeu que desde o começo da pandemia teria atuado de forma célere e com transparência para agilizar as medidas preventivas, de proteção e de cuidados com o povo brasileiro.