Parlamentares cobraram nesta segunda-feira (10) que o Ministério Público abra uma investigação contra a senadora eleita pelo Distrito Federal (DF), Damares Alves (Republicanos). A ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos e apoiadora do presidente Jair Bolsonaro (PL) está sendo acusada de omissão perante supostos casos de crimes sexuais cometidos contra crianças na Ilha de Marajó, no Pará.

Vídeo

A denúncia foi motivada por um vídeo que começou a circular desde o último domingo (9). Na gravação, Damares é vista em um discurso num templo da Assembleia de Deus, em Goiânia.

A ex-ministra do governo Bolsonaro fez gravíssimas acusações com o intuito de angariar votos para o atual líder do Executivo que está em campanha para reeleição. No evento, Damares contou que uma comitiva do governo Bolsonaro, da qual ela teria feito parte, teria se dirigido à região e descoberto que estava acontecendo um tráfico de menores de idade.

A apoiadora de Jair Bolsonaro falava para uma plateia lotada de crianças, quando ressaltou que a ilha faz fronteira com vários países. Ela assegurou ainda que tem imagens de crianças de 3 anos, 4 anos, que quando são sequestradas, ao cruzarem as fronteiras, têm os dentes arrancados para que elas não possam morder quando forem forçadas a terem relações íntimas.

A recém-eleita senadora pelo DF disse ainda, sem apresentar nenhuma prova, que essas crianças comem comidas pastosas para que o intestino fique "livre" para quando forem ter relações. A apoiadora de Bolsonaro terminou sua fala pedindo voto para o presidente da República, dizendo que ele estaria travando uma “guerra espiritual”.

Omissão

Em seu discurso, entretanto, Damares não relatou nenhuma medida tomada pelo governo federal para o combate ao crime que relatou. Ela também não explicou porque quando ocupou o cargo de ministra do atual governo não denunciou o caso na época. Damares apenas afirmou que a gestão de Bolsonaro teria recebido informações sobre vítimas de tráfico humano e iria procurar por cada uma das crianças.

O uso político do caso chamou a atenção de parlamentares que indicam que pode ter havido cometimento de crimes por parte de Damares Alves, tanto por sua fala quanto por não ter atuado no caso. A deputada estadual eleita Elika Takimoto (PT-RJ) chamou a atenção que havia crianças na plateia que ficaram expostas aos relatos de violência, sem que a ex-ministra tivesse algum cuidado com o que estava dizendo. Outros parlamentares também se revoltaram com a fala da ex-ministra e apontaram que ela foi omissa quando foi ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, caso seja verdadeiro seu relato.