A interferência do presidente da República e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) [VIDEO] na prisão de seu aliado, o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB), pelo descumprimento de ordens judiciais, se trata de algo que que corrompe as investigações e desprestigiou a PF, de acordo com fontes da Polícia Federal ouvidas pelo blog da jornalista Andréia Sadi no portal G1. O aliado de Jair Messias Bolsonaro deu tiros de fuzil e lançou uma granada contra os agentes da corporação que foram enviados para detê-lo por ter descumprido regras para continuar em prisão domiciliar.
Crise
Diante da crise, o presidente Bolsonaro escalou Anderson Torres, o ministro da Justiça, e Márcio Nunes de Oliveira, o diretor-geral da Polícia Federal para se dirigirem ao Rio de Janeiro. A atitude provocou indignação na PF, que viu na movimentação somente uma operação para blindar o ocupante do Palácio da Alvorada de possíveis desgastes pela crise.
Padre
Além da desmoralização da PF, a interferência do chefe do Executivo no trabalho da PF prejudica as investigações sobre os acontecimentos do último domingo (23). Parte dos objetos encontrados na residência de Roberto Jefferson foram manuseadas pelo Padre Kelmon, a figura pitoresca que ganhou fama por ter feito um jogo de cena com o candidato Jair Bolsonaro no primeiro debate das eleições no primeiro turno.
Outra situação que deixou irritada a PF foi o arsenal encontrado na casa do ex-parlamentar, que foram usadas para atacar agentes da própria corporação. Jefferson possui registro de CAC (Caçador, Atirador ou Colecionador), categoria que Jair Messias Bolsonaro utilizou para a flexibilização do acesso a armas pelo povo.
Morde e assopra
A atuação do presidente da República, que desagradou a PF e atrapalhou as investigações sobre o caso, tinha como objetivo encerrar a crise e afastar o chefe do Executivo de Roberto Jefferson, primeiro porque, se por um lado o ocupante do Palácio da Alvorada criticava o político do PTB, por outro lado bolsonaristas com influência defendiam Jefferson.
O deputado federal pastor Otoni de Paula (MDB-RJ), foi um dos bolsonaristas que fez uso das redes sociais para divulgar vídeo em que disse que conversou com assessoria de Bolsonaro e que o presidente disse que iria mandar as Forças Armadas para proteger Jefferson, quem foi enviado na verdade foi o ministro da Justiça. O deputado federal eleito Nikolas Ferreira (PL-MG), também saiu em defesa de Jefferson e criticou a ordem de prisão contra o petebista.
Em sua tentativa de não ser associado a Roberto Jefferson, o presidente Jair Bolsonaro mentiu ao dizer que não existe nenhuma foto dele junto com Jefferson, mesmo com os vários registros dos dois juntos, existe até mesmo fotos do encontro dos dois no Palácio do Planalto.