O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viajou à Argentina nesta segunda-feira (23) onde, entre outras coisas, pretende assinar um acordo para criar um grupo de trabalho que irá examinar a possibilidade de uma moeda comum com o país vizinho. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem tentado esclarecer que esta não seria uma moeda única, como o euro, mas sim uma "unidade de conta", cujo objetivo é facilitar o comércio entre os dois países. A proposta, portanto, segundo frisa o Governo, não significaria o fim do real ou do peso argentino.
O acordo também incluirá a possibilidade de crédito à exportação e o livre fluxo de capitais entre os países, questões importantes para a indústria brasileira que enfrenta dificuldades para retirar dinheiro da Argentina.
A ideia é estimular o crédito à exportação para o país vizinho, oferecendo crédito exclusivo para pagamentos de produtos e serviços brasileiros.
A avaliação é que a participação brasileira no comércio internacional da Argentina foi reduzida devido à presença crescente da China, que oferece financiamento em moeda chinesa para os argentinos importarem produtos chineses.
Como funcionaria a moeda comum
Para garantir a segurança do crédito, o acordo prevê que a empresa exportadora de um produto para a Argentina receba o pagamento à vista no banco, com o apoio do fundo garantidor de exportação. Dessa forma, o banco assume o risco do Tesouro Nacional e o fundo assume o risco soberano da Argentina.
Para garantir a segurança do crédito, o acordo prevê a utilização de garantias reais, tais como contratos de venda de ativos líquidos como petróleo, soja, trigo e gás, depositados fora da Argentina.
Dessa forma, em caso de necessidade, esses ativos podem ser executados para garantir o pagamento. Além disso, a Argentina oferecerá colaterais adicionais como ativos conversíveis em dólar ou reais e assumirá os riscos comerciais e de crédito do importador. Isso garante que o Brasil tenha segurança para fornecer crédito à exportação para o país vizinho.