Em reportagem publicada na coluna Splash do portal UOL, o colunista Ricardo Feltrin afirmou que emissoras tanto da TV paga quanto aberta já estão se queixando sobre o novo Governo federal que está oficialmente no poder há apenas três semanas. A coluna Splash ouviu três jornalistas de três emissoras abertas e fechadas que disseram que é “evidente” que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já fez a sua escolha sobre qual veículo de comunicação irá ser seu porta voz, pelo menos no começo do governo federal: o Grupo Globo.
Nota
A assessoria do chefe do Executivo negou que exista qualquer tipo de favorecimento.
A Globo não falou sobre o tema. Ricardo Feltrin chamou a atenção para um fato curioso, por décadas, a emissora da família Marinho foi o alvo preferido do presidente Lula e do Partido dos Trabalhadores, a relação ficou ainda mais problemática com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Mudanças
Ao que parece, foram implementadas novas diretrizes, uma mudança total. Desde o dia 30 de outubro, quando foi eleito. O mandatário, seus ministros e pessoas ao seu redor têm demonstrado clara predileção aos dois principais meios de comunicação do Grupo Globo.
Na semana passada, o presidente Lula concedeu sua primeira entrevista como presidente para a GloboNews. As duas primeiras entrevistas exclusivas da primeira-dama Janja, foram para a TV Globo e a GloboNews, respectivamente.
É verdade que os ministros têm conversado com outras emissoras, porém eles também têm preferido conversar com a emissora do Rio de Janeiro, pelo menos os mais importantes.
Histórico
No dia 31 de outubro, um dia depois da eleição, depois de passar uma longa temporada na “geladeira” da GloboNews, a presidente do PT, Gleisi Hoffman deu entrevista para o canal de notícias do Grupo Globo para comentar sobre a transição e outras medidas que iriam ser tomadas pelo novo governo federal.
Há meses, Hoffmann estava sendo considerada como "persona non grata" na GloboNews.
Fantástico e GloboNews
No dia 13 de novembro, a então, futura primeira-dama Janja deu sua primeira entrevista exclusiva ao programa jornalístico da TV Globo, Fantástico. No dia 17 de novembro, o então futuro vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), fez sua primeira aparição para uma conversa mais prolongada na GloboNews, quando foi entrevistado pela jornalista Miriam Leitão.
Assim foi também com o ministro da Defesa, José Múcio, ele comentou sobre os militares golpistas também no canal noticioso do Grupo Globo no dia 9 de dezembro. O escolhido por Lula para ser o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi entrevistado também pela GloboNews no dia 14 de dezembro. Vários veículos de imprensa estavam pedindo pelo privilégio a Haddad que escolheu o canal do Grupo Globo.
Curiosamente, em 2021, Haddad postou no Twitter críticas à cobertura da Globo, enquanto elogiou a CNN Brasil por seu "equilíbrio". Tanto a CNN quanto a Band pediram diversas vezes a Haddad o direito à primeira entrevista exclusiva, mas o ministro fez sua escolha pela GloboNews.
No dia 14 de dezembro, Gleisi Hoffmann novamente foi entrevistada pela GloboNews, ela conversou com Miriam Leitão sobre as indicação aos ministérios.
No dia 4 de janeiro, foi a vez da ministra de Esportes, Ana Moser, estrear no canal de notícias da Globo. Naquele mesmo dia, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, seguiu pelo mesmo caminho, assim como a ministra da Cultura Margareth Menezes.
Janja
No dia seguinte, Janja apareceu novamente, desta vez ela deu exclusividade à GloboNews para mostrar o estado deplorável em que se encontra o Palácio do Planalto depois de ter sido ocupado por quatro anos por Jair Bolsonaro (PL-RJ).
Até o momento da publicação da matéria a Globo não comentou o assunto. Enquanto a assessoria de Lula enviou nota em que dizia que o presidente Lula já deu coletivas, realizou um café da manhã com jornalista de diversos meios de comunicação e concedeu somente uma entrevista exclusiva e que o chefe do Executivo irá conceder outras para outros veículos.
O comunicado também afirmou que não iria comentar sobre a agenda de entrevistas da primeira-dama e nem dos ministros e que o presidente não se dedica a fazer avaliações sobre “coberturas das outras emissoras".