Em uma entrevista exclusiva à CNN, realizada nesta sexta-feira (10), antes de sua reunião com o presidente Joe Biden na Casa Branca, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou que a divisão política nos Estados Unidos é tão séria quanto a do Brasil.

Lula afirmou que tanto democratas quanto republicanos estão profundamente divididos, e que essa divisão é semelhante à que ocorre no Brasil. No entanto, ele ressaltou que o Brasil não tem "uma cultura de ódio".

Após as eleições presidenciais, tanto Lula quanto Biden viram seus prédios governamentais saqueados por elementos de extrema-direita.

Isso representou enormes desafios para as democracias dos dois países.

Lula destacou a importância de combater o extremismo antidemocrático e a luta contra as mudanças climáticas como pontos principais da conversa com Biden. O presidente americano estendeu um convite antecipado a Lula para visitar a Casa Branca como forma de cultivar laços mais estreitos e mostrar seu apoio a um dos principais atores do Ocidente.

A reunião de Biden e Lula marca uma mudança positiva na relação bilateral dos Estados Unidos e Brasil, que foi tensa nos últimos anos devido às diferenças políticas com o Governo anterior. A vitória de Biden no final de 2020 e o rápido contato que ele estabeleceu com Lula foram bem recebidos pelas autoridades brasileiras como sinal de uma tentativa de restaurar laços mais estreitos.

A relação de Biden e Lula já foi estabelecida anteriormente, quando Biden era vice-presidente e os dois se encontraram em uma reunião no Chile. Agora, como contrapartes, eles buscam aprofundar o que sempre foi uma relação bilateral importante no Hemisfério Ocidental.

Bolsonaristas protestam

Nesta segunda-feira (10), um pequeno grupo de apoiadores de Jair Bolsonaro se reuniu em frente à residência onde Lula está hospedado em Washington.

Durante o protesto, eles gritaram e tentaram impedir o senador democrata Bernie Sanders de se comunicar com a imprensa, após um encontro com Lula. O protesto foi realizado sem incidentes significativos e as autoridades estavam presentes para garantir a segurança da área.

O congressista americano esteve reunido com Lula como parte da sua agenda oficial na capital.

Quando saiu da reunião e se aproximou dos jornalistas, teve de lidar com um grupo de manifestantes bolsonaristas, que tentavam impedir que ele falasse com a imprensa. Apesar disso, Sanders conseguiu transmitir sua mensagem aos presentes.

Alex Boneares, um trabalhador da construção civil que reside há 23 anos em Nova York, foi um dos manifestantes que participou do protesto. Em declaração à imprensa, ele afirmou ter viajado para Orlando e Washington com seus próprios recursos, negando ter recebido qualquer tipo de apoio de Bolsonaro ou de seu partido.

No entanto, o senador democrata continuou a se expressar, apesar da interrupção dos manifestantes. Ele destacou a importância da cooperação entre os países e a necessidade de trabalhar juntos em questões globais, como a mudança climática.

A reunião com Lula, segundo Sanders, foi produtiva e ambos discutiram questões importantes relacionadas à democracia e à luta contra as desigualdades sociais.