Nesta última quarta-feira (18), o senador Flávio Bolsonaro (sem partido) foi um dos alvos de mandado de busca e apreensão da operação do Ministério Público (MP) do Rio de Janeiro. A operação é um desdobramento do Caso Queiroz. No total, foram cumpridos 24 mandados em endereços que tinham alguma ligação com Fabrício Queiroz, o ex-assessor do filho “01” do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Também foi alvo da operação Ana Cristina Siqueira Valle, ex-esposa de Jair Bolsonaro.

A empresa em que o senador Flávio Bolsonaro tem 50% da propriedade foi visitada por funcionários do MP na manhã de quarta-feira e foram recolhidos documentos.

A ação foi feita pela Gaecc (Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção), o grupo é responsável por investigar o Caso Queiroz.

Os investigadores da Gaecc foram à sede da Bolsotini Chocolates e Café Ltda, uma franquia da loja de chocolates Kopenhagen, localizada no shopping Via Parque, na Barra da Tijuca, zona oeste carioca. A administração do shopping confirmou que houve o cumprimento do mandado no local.

Nada será encontrado

Frederick Wassef, advogado de Flávio Bolsonaro, afirmou ao portal UOL que iria para Rio de Janeiro na quarta-feira por causa da operação deflagrada pelo MP. Ele divulgou nota em que critica a operação, mas garantiu que nada que possa comprometer o senador irá ser encontrado pelos promotores.

Alvo de quebra de sigilo

Frequentemente, esta empresa aparece nas investigações do Caso Queiroz. Flávio Bolsonaro usa com frequência o fato de ser um dos proprietários da loja para justificar suas movimentações financeiras, e também sua evolução patrimonial, que são investigadas pelo MP do Rio de Janeiro.

Já em abril a loja teve os sigilos fiscal e bancário quebrados pelo juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal do Rio.

No mesmo pedido, Flávio e sua esposa, Fernanda Antunes Figueira, que é dentista, também foram alvos de medidas cautelares.

Em janeiro deste ano o senador Flávio Bolsonaro concedeu entrevista à Rede TV! em que citava suas atividades como empresário como sendo a fonte de seu patrimônio. Na ocasião ele declarou que a origem do dinheiro investigado na época era de sua empresa e de um imóvel que ele vendeu por R$ 2,4 milhões, mas as informações dadas pelo “01” não batiam com o relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), que foi divulgado em janeiro de 2019.

O relatório que contradizia a informação dada pelo parlamentar foi divulgado no mesmo mês de janeiro pela revista Veja. O documento afirmava que Flávio Bolsonaro tinha uma movimentação atípica no valor de R$ 632 mil entre agosto de 2017 e janeiro do ano seguinte.

O RIF (Relatório de Inteligência Financeira) aponta que Flávio recebeu nesse período R$ 120 mil como lucro da Bolsotini. Este valor é menor do que a remuneração do, então, deputado estadual à época, que somava R$ 131 mil no mesmo período. O RIF não conseguiu identificar a origem dos outros R$ 90 mil recebidos por Flávio Bolsonaro.