São Paulo terá que conviver com a quarentena para conter o coronavírus por mais tempo. O governador do estado, João Doria, anunciou nesta sexta-feira (8) que as limitações e restrições impostas para conter o Covid-19 serão mantidas até o dia 31.
É a segunda extensão do período de quarentena feita pelo governo paulista para tentar combater o coronavírus. A decisão também adiou os planos de Doria de iniciar uma abertura do comércio em São Paulo já a partir da próxima semana. Desde o dia 22 de março, São Paulo está em quarentena, com fechamento do comércio considerado 'não-essencial' e medidas de restrição de locomoção de pessoas.
'Lockdown' em São Paulo não é descartado
Com a adesão ao isolamento social longe do ideal, Doria não descartou que, no futuro, cidades do estado possam ter um 'lockdown', um fechamento ainda mais restritivo da locomoção das pessoas. Mas o fechamento total de cidades ainda não está na pauta do governo no momento.
"Não descartamos nenhuma outra medida mais restritiva. Não estamos propondo lockdown, mas ele não está descartado. Esperamos que isso não tenha que ser praticado, mas isso vai depender muito de vocês [cidadãos]", disse o governador na coletiva.
O PT, partido de oposição ao governo, irá propor ao Ministério Público que faça a proposição para que o lockdown seja implementado. Doria acredita que, neste momento, o estado de São Paulo não deve passar já por tal medida.
"Aqui não há nenhuma relação de política com saúde. Isso com todo respeito ao partido. Respeitamos a ciência aqui. Não temos o protocolo do lockdown agora no momento, acreditamos que todas as medidas adotadas, a ampliação da quarentena e a consciência das pessoas serão suficientes", completou.
Cenário 'desolador' em São Paulo
O governador, em tom embargado e emocionado, anunciou a extensão da quarentena e citou o Dia das Mães, neste domingo (11), ao falar do cenário que enxerga como 'desolador' no estado, com aumento de casos, mortes e o sistema de saúde próximo do limite de saturação.
"Como governador de São Paulo, gostaria de dar uma notícia diferente, mas o cenário é desolador.
Teremos que prorrogar a quarentena até o dia 31 de maio", declarou Doria, que explicou as razões pelas quais o período de restrição será estendido.
Nos cálculos do governo paulista, a quarentena chega a salvar 51 pessoas todo dia no estado. Caso o isolamento seja mantido conforme o desejável, um número estimado de cerca de 3,2 mil vidas poderão ser salvas até, pelo menos, o dia 21 deste mês.
"Vamos ter que prorrogar tudo até o dia 31. A gente quer sim, em breve, anunciar o 'Plano São Paulo', que irá guiar a retomada da nossa economia. Temos a experiência de outros países e vamos também usar essas experiências aqui, estão demonstrando o colapso de nossa saúde e, quando isso acontece, tudo vai se paralisando", afirmou.
Plano para reabrir comércio é adiado
Para a próxima semana, São Paulo planejava iniciar um programa para reabrir o comércio, dependendo do índice de adesão ao isolamento social em cada região do estado. Com este abaixo dos números considerados ideais para conter a disseminação do coronavírus, o plano foi adiado por não existirem áreas nas quais a adesão fosse no número desejado (as chamadas 'áreas verdes').
"Autorizar relaxamento agora seria colocar em risco, milhares de vidas, o sistema de saúde, e claro, a recuperação da economia. Quero reformar aqui, em nome de todos os secretários, nós retomaremos sim, tão logo possível, na hora certa e momento adequado. Esse momento, o mais triste da história do nosso país, vai passar.
E vai passar se todo mundo ajudar", afirmou.
Nos últimos três dias, a taxa de isolamento social se colocou em 47%. O mínimo aceitável, segundo normas, é de 55% de adesão. Nesta quarta-feira (7), João Doria decretou a obrigatoriedade do uso de máscaras em todo o estado, com previsão de multa para quem descumprir as normas.