A versão mais "tradicional" do rodízio de carros em São Paulo estará de volta a partir de segunda-feira (18). Neste domingo (17), em coletiva, o prefeito da cidade, Bruno Covas, anunciou que a versão ampliada da restrição à movimentação de veículos voltará a sua forma original em meio à pandemia do coronavírus.

A mudança havia sido feita para tentar brecar movimentação de pessoas na cidade e incentivar o aumento da porcentagem do isolamento social. Mas isto não foi possível e a medida gerou uma série de críticas à prefeitura paulistana.

Isolamento não subiu com rodízio

Segundo dados da prefeitura, o rodízio conseguiu reduzir em pouco mais de 1,27 milhão de carros nas ruas da cidade e também ocasionou redução de 5,5% no uso de ônibus. No entanto, a medida não conseguiu fazer com que menos pessoas fossem às ruas para aumentar a porcentagem de isolamento social em São Paulo.

"Essa volta não pode ser desculpa para que as pessoas possam se sentir à vontade e ir para a rua. Precisamos aumentar o isolamento e rápido e estamos ficando sem alternativas", declarou.

Covas voltou a criticar os que opõem a medidas como restrição de circulação e fechamento de comércio e pediu a adesão da população às medidas para conter o contágio do coronavírus.

"É um contrassenso o prefeito da cidade mais dinâmica do país pedir para que a população pise no freio, mas esse é o meu pedido. É a minha escolha e o meu dever. Difícil acreditar que tem gente que quer a população seja submetida a uma roleta russa. Essa indiferença com a morte é crime de responsabilidade. Não há outro caminho diferente do que estamos agora.

Não tem melhor vacina. Se a gente tiver que pensar em abrir, primeiro temos que parar", afirmou.

Covas considera antecipar feriados

Com a adesão a tais medidas não sendo a desejada, Bruno Covas afirmou que pretende antecipar feriados para tentar aumentar a adesão ao isolamento. Os dois feriados que o prefeito de São Paulo deseja antecipar são os de Corpus Christi, este marcado para 11 de junho, e o Dia da Consciência Negra, no dia 20 de novembro.

"São Paulo precisa desacelerar ainda mais o contágio e tem que reduzir ainda mais o ritmo. Antecipar os feriados é uma carta que tenho aqui na manga", disse o prefeito. 'Eles seriam, em caráter excepcional neste ano, ponto facultativo. Manteremos a celebração, mas sem o feriado obrigatório".

O feriado de 9 de julho, que é estadual (Revolução Constitucionalista), também estaria na mira do prefeito paulistano para ser antecipado. Para isto, Covas afirmou que irá conversar com o governador João Doria para que tal medida também seja implementada na cidade.

"Vamos aproveitar que a maioria das pessoas não trabalha em feriados e vamos garantir ainda mais adesão ao isolamento social. Teremos assim uma pausa forçada para diminuir a circulação de pessoas e garantir o aumento do isolamento", disse.

Lockdown não está descartado, diz Covas

A possibilidade de colocar São Paulo em lockdown (fechamento total) não foi deixada de lado pelo prefeito, mas este admite que a chance disto acontecer neste momento dependeria de uma organização ampla com outras cidades de Região Metropolitana.

"Não há caso de autoridade pública em todo mundo que possa decretar lockdown sem ter autoridade policial. São Paulo não é uma ilha e não está isolada do mundo. As cidades de região metropolitana são interdependentes, as ruas se misturam, tem ruas que começam numa cidade e terminam e outras e não tem divisas. Teríamos que organizar isso tudo juntos", disse.