Praticamente todo país tem um cartão-postal reconhecido internacionalmente. Sejam construções ou produções arquitetônicas representando uma região, cidade ou até mesmo um comportamento cultural específico do povo local. Exemplos claros, cada um no seu contexto e época são: as Pirâmides de Gizé, o Cristo Redentor no Rio de Janeiro, a Torre Eiffel em Paris, etc. Entretanto, quando falamos da pequenina Grécia, qual é a maior marca registrada em arquitetura daquele país?

É o Pártenon!

O que é exatamente essa obra, por quem foi construída, ao que se destinava, por que se tornou foco de uma disputa internacional entre gregos e ingleses através dos séculos?

O Pártenon é algo simples e de beleza majestosa ao mesmo tempo, tratando-se de um templo, que media 31,39 m x 76,82 m com oito colunas dóricas na frente e 17 delas nas laterais, com construção iniciada em 447 a.C e finalizada em 438 a.C a pedido do estadista grego Péricles junto ao seu amigo pessoal, Fídias o escultor. No santuário em seu interior, havia uma grande estátua da deusa Atena em mármore, marfim e ouro.

Tanto na frente quanto nas laterais da construção, distribuíam-se estátuas menores e figuras em alto relevo retratando cenas de lutas entre homens e animais. O simples e ao mesmo tempo suntuoso templo flutuando sobre a colina grega, traduzia a representação de liberdade, civilização e inteligência do povo ateniense sobre ideias convencionais, obsoletas e rígidas da época.

Os Mármores de Pártenon são as artes mais lindas da Grécia antiga com esculturas que ganhavam vida própria somente instaladas no interior do templo. Seria a mesma coisa de imaginar um ser vivo, mas que não tem coração, ou seja, algo inconcebível, um verdadeiro sacrilégio em relação ao legado cultural da Grécia para a humanidade.

Mas foi justamente isto que aconteceu, pois com os 400 anos de domínio selvagem e irracional dos turcos otomanos sobre o país, bem como quase toda Europa, os mármores foram retirados da construção original em 1801 pelo então embaixador britânico na cidade de Constantinopla, Lorde Elgin, com a simples desculpa de que era um colecionador de antiguidades e protegeria as obras da destruição. Se ele era de fato um colecionador vocacionado, porque vendeu os "Mármores de Elgin" a Grã-Bretanha em 1816? As obras permanecem no Museu Britânico até os tempos atuais.

Vândalo, mentiroso, ladrão de obras clássicas, conivente com os turcos corruptos do Governo, são algumas das afirmações que várias pessoas atribuem ao Lorde Elgin desde que ele arrancou partes do Pártenon.

Logo após alguns anos da independência da Grécia, (21/03/1821), foram iniciados os pedidos oficiais de devolução das peças subtraídas do templo e assim tem sido desde então, por mais de 200 anos.

Obviamente o Museu Britânico não quer perder uma de suas mais importantes atrações e fonte de renda. É correto manter esta postura frente a algo que é propriedade do monumento nacional de um país e seu povo, sua cultura?

Muitos acham que não! Tanto que mais de um terço da população comum e celebridades britânicas, apoiam a devolução dos mármores a sua casa original na Grécia, tais como Dame Judi Dench, Vanessa Redgrave, Janet Suzman, Joanna Lumley e Sir Sean Connery.

Em 2014 a advogada Amal Clooney, esposa do ator americano, George Clooney se tornou uma das advogadas oficiais da Grécia na disputa pelos Mármores de Elgin. Provavelmente se as estátuas pudessem falar, elas diriam: "somos gregas e queremos voltar para o nosso lar na Grécia."