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No filme Sociedade dos Poetas Mortos, interpretado brilhantemente por Robin Williams, o professor diz aos alunos: “Medicina, engenharia, física, química são coisas excelentes. Não podemos viver sem elas. Elas nos dão os meios para viver. Mas elas não são capazes de nos dar razões para viver”. Que escola no Brasil ensina nossas crianças e adolescentes a viver? Nenhuma, não é mesmo?!
Ensinar a viver é uma das missões do professor. Segundo Rubem Alves (1933-2014), o professor ensina um saber sobre o mundo; do outro, ele ensina o sabor desse mesmo mundo; sabor que jaz oculto aos sentidos que não foram para isso treinados.
Desse modo, o professor torna-se um artista, não pelas suas habilidades, mas pelas suas necessidades. Um parteiro da esperança. Pois é para isso que vivemos.
O homem, diz Aristóteles, tem um destino à felicidade. Porém, que felicidade os professores estão levando aos nossos alunos? Eles são felizes por fazer o que estão fazendo? Absolutamente não. A Educação no Brasil ensina apenas a reprodução de ideias. As condições matérias mal distribuídas exigem do professor sacrifícios sobre-humano. E os professores estão com dificuldades de sentir, perceber, refletir e expor suas ideias, seus sentimentos e suas informações.
O professor no Brasil está com dificuldade de suprir as suas necessidades mais primárias.
Menos, ainda, para interagir com a realidade. No entanto, é preciso que tenhamos coragem de assumir que as possibilidades de o homem vir a ser sujeito da história dependem da presença da Filosofia, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. Mas do que nunca, o homem necessita da filosofia e a sociedade a exige na escola, incluindo no processo de formação critica dos cidadãos.
Que outra disciplina será capaz de fornecer aos alunos uma razão crítica?
A filosofia é um bem universal e excluí-la do ensino brasileiro é limitar a capacidade de participação do cidadão pelo poder democrático, pelos direitos. Não se pode esquecer que um dos primeiros atos do governo militar foi excluir a filosofia do ensino brasileiro.
Atualmente o governo federal estar fazendo a mesma coisa com a Reforma do Ensino Médio. A filosofia é uma necessidade humana, isto é, não se vive sem filosofar. No entanto, é preciso desmistificar o filosofar como um fazer dissociado da vida prática, de uns poucos “dotados”.
Se educar é transformar o sujeito crítico, criativo, a partir da leitura do mundo, os burocratas da educação brasileira, os técnicos, os pedagogos, precisam entender o educando em sua globalidade. Precisam perceber que a filosofia trabalha a essência do ser humano, em que o sensível, o perceptível e o reflexível atuam e interagem com a vida. Enfim, a filosofia fornece ao ser humano a capacidade de compreender a si mesmo, o outro e o transcendente.