O Ceará vive um início de 2019 conturbado em decorrência dos ataques criminosos que assolam o estado desde as declarações do secretário de Administração Penitenciária estadual recém-empossado, Luis Mauro Albuquerque. Em declaração durante sua posse, o secretário afirmou que não reconhece o poder das facções no estado e afirma que a separação das mesmas por presídio não irá mais acontecer. Acontece que no Ceará os presos são divididos por facções, atitude tomada por alguns estados para evitar confrontos entre os criminosos.

Uma sequência de atentados assolou cerca de 35 municípios

Elas não surgiram exatamente no Ceará e, sim, na região sudeste, mas se espalharam pelo Brasil. Comando Vermelho (CV), Primeiro Comando da Capital (PCC) e Guardiões do Estado (GDE) são as três maiores facções criminosas desse país. No Ceará, as três vivem em guerra, disputando espaços para consolidar o tráfico de drogas. Essas guerras acontecem tanto dentro como fora dos presídios, onde os líderes comandam as ações.

Após a declaração, uma onda de ataques criminosos cometidos pelos integrantes começou a acontecer principalmente em Fortaleza, que teve 33 bairros atingido por algum atentado. As ações dos criminosos miram estabelecimentos públicos, privados, transportes coletivos, bancos e comércios.

No interior, bancos, ambulâncias, ônibus escolares e até hospitais foram alvos de ataques dos membros.

Com a chegada da Força Nacional na capital, os ataques começaram a acontecer com mais frequência no interior. Em Reriutaba, município localizado na mesorregião cearense, teve uma ambulância incendiada dentro do estacionamento do hospital.

Em Sobral, os criminosos atentaram contra uma estação do VLT e a sede da guarda municipal. Em Varjota, o banco do Bradesco foi vandalizado. Uma ponte que liga Santa Quitéria a Varjota sofreu danos com ataque de bombas. Em Massapê, ônibus e vans foram incendiados.

O alarde desnecessário que provocou o caos no Ceará

É dos presídios que saem as ordens de ataques.

Ao que parece, as três facções se juntaram para tentar fazer o estado recuar nas novas medidas de combate ao crime. Os criminosos exigem que "seus direitos" sejam respeitados. Se as declarações do novo secretário forem postas em prática, a divisão por facções nos presídios irá acabar. Outro medo dos criminosos gira em torno dos bloqueadores e o fim das tomadas dentro das selas, o que pode acabar com o meio de comunicação dos prisioneiros.

Agora, especialistas em segurança pública debatem se houve ou não a necessidade do estado alardear tanto suas ações de combate ao crime. Em entrevista ao jornal Estado de SP, o sociólogo César Barreira, da Universidade Federal do Ceará (UFC), afirmou que concorda com as ações do estado para endurecer contra o crime organizado, mas criticou o alarde feito pelo governo.

"Acho que é uma medida correta que pode ser tomada, mas não precisaria já ter sido anunciado", afirmou o sociólogo, que também é coordenador do Laboratório de Estudos da Violência, na UFC. Na entrevista, ele ainda afirmou ser contra a divisão dos presidiários por facção e defendeu a postura do secretário. Além disso, César ainda defendeu o uso de bloqueadores de celulares dentro dos presídios, para dificultar a comunicação dos chefes.

Tudo isso são ações fundamentais para que o Estado não fique a mercê dos criminosos. É dever do Estado manter a segurança do cidadão cearense, então cabe a ele colocar esses criminosos em seu devido lugar.