O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), o filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), teria sido o financiador da construção de prédios ilegais construídos pela milícia do Rio de Janeiro usando dinheiro público, que teria vindo do esquema ilegal vindo de seu antigo gabinete dele na Alerj (Assembleia Legislativa do estado do Rio de Janeiro). As informações são do site The Intercept Brasil, que obteve acesso a documentos sigilosos do Ministério Público do Rio (MP-RJ).

O avanço nas investigações deste caso teria sido uma das razões para que o presidente da República pressionasse o então ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro para que este fizesse a troca no comando da Polícia Federal do Rio e também em Brasília.

Porém, Moro não teria aceitado esta pressão e acabou abandonando a pasta.

Interferência política

O ex- juiz da operação Lava-Jato concedeu uma entrevista coletiva para comunicar sua demissão, e nela ele declarou que a intenção do presidente Bolsonaro era ter alguém no comando da PF para quem pudesse ligar para saber o andamento de investigações sobre as investigações em andamento.

Receita

O site detalhou como funcionaria o esquema em que Flávio Bolsonaro estaria envolvido. O filho “01” de Jair Bolsonaro teria pagado os salários de seus funcionários com o dinheiro desviado de seu gabinete na Alerj. Então, Fabrício Queiroz - no inquérito ele é apontado como o articulador do esquema ilegal na Alerj em que Flávio está sendo investigado - neste esquema, 40% era retirado dos salários dos servidores e seria repassada parte deste dinheiro para Adriano da Nóbrega, ex-capitão do Bope (Batalhão de Operações Especiais), Nóbrega foi apontado como sendo o líder do Escritório do Crime, milícia especializada em mortes por encomenda.

Esta milícia também cobra “taxas de segurança”, cobra ágio na venda de garrafões de água, venda de botijões de gás, fornece sinal clandestino de TV por assinatura e ainda faz grilage de terras e atua de forma ilegal na construção civil nas comunidades Rio das Pedras e Muzema.

Nestas duas comunidades habitam mais de 80 mil pessoas, ambas ficam em Jacarepaguá, zona oeste do Rio de Janeiro, nos últimos anos foi visto um aumento significativo do número de construções de prédios irregulares.

No mês de abril de 2019, dois prédios construídos por outras milícias desabaram, e o resultado foi que dez pessoas ficaram feridas e 24 foram mortas. O lucro da construção e venda destes prédios ilegais seria dividido com Flávio Bolsonaro, por este ser o financiador do esquema em que era usado dinheiro público, é o que diz as investigações.

Homenagem

Adriano da Nóbrega foi condecorado pelo então deputado estadual Flávio Bolsonaro com a principal honraria do Rio de Janeiro, a Medalha Tiradentes. O ex-oficial do Bope foi baleado em um polêmico confronto com a polícia da Bahia, sua morte teria sido queima de arquivo. Adriano que estava foragido da polícia estava escondido em um sítio de um vereador apoiador de Jair Bolsonaro. Ainda aguarda perícia os diversos smartphones encontrados com o miliciano.

Investidor

A atuação nas obras de milícia seria uma explicação para a evolução patrimonial do senador Flávio Bolsonaro, entre os anos de 2015 e 2017 o parlamentar adquiriu dois apartamentos, um em Laranjeiras e outro em Copacabana, ambos localizados na zona sul carioca.

As finanças de Flávio também fizeram que ele pudesse comprar a participação societária em uma franquia da Kopenhagen, famosa loja de chocolates.

O filho de Bolsonaro entrou na vida pública em 2002, na época ele tinha apenas um Gol 1.0, no valor declarado de R$ 25,5 mil. Em sua última declaração de bens, de 2018, ele afirmou que tem R$ 1,74 milhão, esta elevação em seu patrimônio coincide com o período em que a esposa e a mãe de Adriano da Nóbrega eram nomeadas no gabinete de Flávio Bolsonaro.