O colunista Tony Goes, do site F5, do jornal Folha de S.Paulo, publicou artigo em que reflete sobre a falta de moderação dos artistas sertanejos em suas lives para a internet. Em tempos de confinamento causado pela pandemia do novo coronavírus, eis que surge um novo formato de espetáculo que acabou se consolidando, as lives com transmissão pela internet. A evolução deste tipo de evento vem sendo rápida.
Há um mês, uma live era apenas um artista no conforto de sua casa, cantando em frente à uma câmera, ou celular, que transmitia a apresentação para as redes sociais.
Em geral, o artista não precisava mais que um violão para se acompanhar, ou no máximo, um base pré-gravada.
Ao que parece se depender dos artistas do sertanejo, este clima mais intimista está com os dias contados. As lives dos artistas deste gênero contam com um alto investimento, são usados drones com câmeras e as apresentações são patrocinadas por marcas famosas. Mas tendo o cuidado de manter um pouco do clima intimista das lives mais convencionais.
Números grandiosos
Tudo é programado para ser grandioso, desde a duração da live até o número de pessoas que assistem a este tipo de evento. Como por exemplo a live da cantora Marília Mendonça, que durou três horas e meia, mas que na verdade até acabou sendo pouco se comparada com a segunda edição do “Buteco em Casa” do cantor Gusttavo Lima, com a impressionante duração de sete horas e meia.
Após serem disponibilizadas no YouTube, ambas tiveram mais de cinquenta milhões de visualizações.
Mas o que causa repercussão mesmo entre os seguidores destes artistas é a descontração dos sertanejos, com todos bebendo sem parar, chegando mesmo a ficarem embriagados e protagonizarem cenas constrangedoras. Gusttavo Lima abriu sua live com um letreiro em que convocava os cachaceiros em três línguas diferentes.
Depois, claramente alcoolizado, não conseguia terminar de preparar um arroz carreteiro, em curiosa ação de merchandising.
Altruísmo
Estas lives têm um aspecto altruísta, pois elas têm arrecadado verbas para equipamentos para hospitais e instituições de caridade, além de conscientizar a população da necessidade de permanecer em casa neste momento.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta apareceu de maneira pré-gravada na live de Marília Mendonça e também na da dupla sertaneja Jorge e Mateus.
Com as lives, as bebidas alcoólicas acharam uma boa oportunidade para anunciar seus produtos, a categoria sofre várias restrições para anunciar nos meios convencionais de comunicação. Nestes eventos, os artistas podem aparecer bebendo cerveja e uísque, o que é proibido nos comerciais.
Não se tem nada contra estes eventos, mas também deve-se fazer uso da recomendação do Ministério da Saúde, ou seja, beber com moderação. Vale ressaltar que o alcoolismo mata por ano mais pessoas no Brasil do que todas as drogas ilícitas reunidas. Os artistas como formadores de Opinião, devem se conscientizar da influência que têm sobre muitas pessoas e deveriam evitar exemplos tão negativos.