Mesmo aqueles que nunca leram um livro de Sir Arthur Conan Doyle sobre Sherlock Holmes, já ouviram falar no personagem da Literatura.

As aventuras do investigador já ganharam diversas adaptações para Cinema e Televisão. Personagens secundários deste universo também passaram a ser conhecidos do grande público. Um deles, por exemplo, é seu irmão mais velho Mycroft e, é claro, o fiel parceiro de aventuras de Sherlock Holmes, o doutor Watson.

Enola Holmes

Aqueles que não são profundos conhecedores dos livros protagonizados por Sherlock Holmes, que não leram todas as histórias do personagem, ou que as leram há muito tempo, não precisam se martirizar por não se lembrarem da irmã mais nova de Sherlock.

Por um motivo muito simples, ela nunca existiu no universo original criado por Sir. Arthur Conan Doyle.

Origem

A irmã caçula de Mycroft e Sherlock foi criada apenas em 2006, pela escritora estadunidense Nancy Springer. A estreia de Enola Holmes foi no livro "O caso do marquês desaparecido". Springer criou a história de uma garota que, na véspera de completar 14 primaveras, descobriu que sua mãe desapareceu.

Então, a jovem procura ajuda de seus irmãos Mycroft e Sherlock para lhe ajudar a encontrar a mãe. O problema é que os irmãos têm planos diferentes para Enola, e querem mandá-la para um internato.

Enola então foge para Londres e inicia ela própria a busca por sua mãe desaparecida. Quem viu o filme que estreou na Netflix recentemente, sabe que a história é praticamente a mesma, com a diferença que na tela a jovem acaba de completar dezesseis anos.

Corra Enola, Corra

Nancy Springer escreveu seis livros sobre a Enola Holmes, assim como seu irmão famoso, ela se torna uma detetive. Sua especialidade é encontrar pessoas desaparecidas. Uma constante em toda a série literária é que seus irmãos não desistem da ideia de mandá-la para um colégio interno e transformá-la em uma dama.

Justiça

O filme que estreou na Netflix na última quarta-feira (23) está causando problemas para a plataforma de streaming.A Netflix está sendo processada pela família de Sir Arthur Conan Doyle por violação de direitos autorais. A própria escritora Nancy Springer, a editora Penguin Random House e a produtora Legendary Pictures, também estão sendo alvos do mesmo processo.

Entenda o caso

Arthur Conan Doyle perdeu filho e irmão na Primeira Guerra Mundial. Este drama do escritor influenciou sua obra. Desta maneira, Sherlock tem uma personalidade fechada, sem interesse em se relacionar com as pessoas.

A guerra terminou em 1918, então o personagem passou a ter novas características, ele começou a se importar mais com os seres humanos.

É este Sherlock menos frio que é visto nos livros de Nancy Springer e agora no filme da Netflix. O problema é que em 2014, uma parte da obra de Doyle tornou-se de domínio público, enquanto uma outra parte continuou com seus direitos autorais restritos.

Quem tem o controle desta parcela da obra do escritor é a Conan Doyle Estate, uma associação cujos integrantes são oito familiares do escritor.

Os últimos livros de Arthur Conan Doyle foram escritos entre 1923 e 1927. E estas são justamente as obras literárias que mostram um Sherlock Holmes mais emotivo. Este personagem mais humanizado não está liberado para ser reproduzido.