Em 2018 os assinantes da Netflix conheceram a série "O Alienista" (The Alienist). A obra é originalmente produzida pelo canal TNT e é baseada em um romance de mesmo nome do autor Caleb Carr.
Dois anos após sua estreia, a plataforma de streaming disponibilizou no mês de outubro a segunda temporada da obra, novamente bebendo na fonte de uma obra homônima de Carr.
Desta vez a trama se chama "O Alienista: Anjo da Escuridão" (The Alienist: Angel of Darkness), e o próprio escritor do livro está na produção da série.
Machado de Assis
Ainda hoje existem pessoas que se perguntam se a série da Netflix é baseada na obra do escritor brasileiro.
Mas as únicas semelhanças entre a obra literária do bruxo do Cosme Velho e a série da gigante do streaming são o título, a profissão do protagonista e um período temporal bem próximo.
Enquanto a trama de Machado é ambientada em 1882, a série se passa em um período bem mais próximo do século vinte, 1896.
A produção audiovisual narra as aventuras do Dr. Laszlo Kreizsler (Daniel Brühl), o alienista do título, seu melhor amigo John Moore (Luke Evans), um ilustrador de jornal, e Sara Howard (Dakota Fanning), uma ambiciosa secretária.
O trio se reuniu para ajudar a polícia na elucidação do caso de um serial killer que assassinava jovens prostitutos.
Mudanças
A segunda temporada tem uma curta passagem de tempo entre a primeira e a segunda parte da saga, apenas um ano se passou.
Mas nesse período, muita coisa mudou na vida dos personagens, enquanto o Dr. Kreizsler consolidou seu trabalho no Instituto que leva seu nome, John Moore agora é um repórter do The New York Times e Sara Howard está de vez estabelecida como detetive.
A personagem não existiu na vida real mas é inspirada em Isabella Goodwin, a primeira mulher a se tornar detetive na história dos Estados Unidos.
Para os fãs da obra, a mesma exuberante reconstituição de época está presente em "Anjo da Escuridão", os crimes violentos também permanecem, sendo que desta vez com imagens ainda mais chocantes.
Mas se a temporada anterior, apesar de eficiente, não trazia muitas novidades ao gênero, a atual tem uma proposta bem mais ousada.
Inegavelmente, a protagonista da atual temporada é a personagem de Dakota Fanning, enquanto Lazslo e John ficam relegados aos papéis de auxiliares da jovem detetive.
A segunda temporada é voltada para debater o papel da mulher na sociedade. São vistos na trama temas como o direito ao voto feminino, machismo e misoginia.
Também se fala de preconceito racial na trama, ainda que este tema seja tratado de forma velada, ele está lá.
A série também mostra uma ótima vilã e outras figuras femininas de destaque. Ainda que seu clímax mostre algumas facilitações de roteiro, o resultado final é bom e a série tem tudo para agradar os antigos fãs e potencial para conquistar novos.
A temporada terminou com os personagens tomando resoluções importantes em suas vidas, que em um primeiro momento, impediriam que o trio se reunisse novamente.
Uma possível terceira temporada irá depender da vontade do escritor Caleb Carr em querer contar mais um capítulo envolvendo estes personagens. Até o momento não há nada decidido.