Um dos documentários mais impactantes de 2020 sem dúvida é "O Dilema das Redes", da Netflix. Na obra são entrevistados vários nomes de peso da área da Tecnologia.

São especialistas que tiveram passagem no Facebook, Instagram, Pinterest, WhatsApp, Twitter, entre outras redes sociais.

Os "popstars" do Vale do Silício revelaram no documentário muitas das táticas utilizadas por essas gigantes da tecnologia para fazer com que os usuários fiquem nas redes sociais o maior tempo possível.

O filme então tem sido usado como ponto de partida no debate sobre o uso excessivo das mídias digitais.

Para o diretor da produção, Jeff Orlowski, pensar sobre o assunto é de vital importância para a Saúde mental dos millennials e a geração Z. Os usuários mais frequentes e que têm o comportamento moldado por estas ferramentas, alertou o cineasta.

O site Metrópoles entrevistou com exclusividade o psiquiatra Luan Marques, que é professor colaborador da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília. Ele deu algumas orientações de como usar os smartphones de maneira saudável.

Superexposição

Uma das preocupações que são debatidas no filme é o risco da superexposição, ou seja, o uso quase sem limites das redes sociais.

Muitos passaram a se questionar se não estariam exagerando no uso das redes. Teve até mesmo pessoas que excluíram suas contas em algumas dessas plataformas.

O psiquiatra disse que é preciso fazer uma avaliação do impacto na rotina do uso dos smartphones, para entender se realmente se trata de um vício.

Marques afirmou ao Metrópoles que se uma pessoa perde boa parte do tempo nas redes sociais e por causa disso não consegue se conectar com outras coisas, acaba criando atritos na vida familiar, conjugal, é importante avaliar se esta pessoa está sofrendo de dependência das redes sociais.

Imagens

Redes sociais como Facebook, Instagram, Tik Tok, Snapchat são redes que envolvem imagens.

O apelo visual deste tipo de rede social pode gerar um sentimento de não pertencimento e ansiedade naqueles que visualizam essas redes sociais.

Mas o usuário tem que perceber que ninguém está feliz o tempo todo e que não é a todo momento que as pessoas fazem viagem à Europa.

Deve-se ter consciência que as imagens nas redes sociais são apenas um recorte de determinado momento, ensinou o psiquiatra.

Depressão

O especialista alertou que todo excesso pode provocar "vazios ou ansiedades". A primeira providência a ser tomada neste tipo de situação é procurar um profissional da saúde, pois a dependência pode levar às doenças como a depressão, alertou o psiquiatra.

Não existe um tempo considerado padrão para a permanência nas redes sociais. O que deve ser feito é avaliar o impacto emocional trazido por determinada rede social.

Deve-se ficar atento também se não está sendo feita uma comparação com outros usuários das redes, se está conseguindo dormir bem.

Outro ponto importante é perceber se não está gastando muito em compras on-line, explicou Marques.

Crianças

Luan Marques, na entrevista ao Metrópoles, argumentou que crianças não podem permanecer por mais de duas horas conectadas nas telas.

Ele explicou que esta é uma orientação da Sociedade Brasileira de Pediatria. Ele explicou ainda que é preciso compreender que cada faixa etária tem que ter limites no uso de dispositivos eletrônicos e que as redes sociais não são recomendadas antes da adolescência.

Equilíbrio

Uma pessoa pode ter somente uma rede social e passar horas conectado e também poder ter várias delas e passar pouco tempo nas plataformas.

Desta maneira, deve-se procurar um equilíbrio. Pois a pessoa pode sofrer um efeito rebote e ficar pensando no que estaria perdendo por estar fora da rede social. O que é conhecido como FOMO (fear of missing out).