Todas as quintas-feiras o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), faz uma live nas redes sociais. Talvez, uma parte da população brasileira, parte da imprensa, e outros setores da sociedade já fiquem apreensivos com o que o mandatário irá falar.
Podem vir ataques a desafetos políticos, música sendo mal tocada, possíveis ofensas racistas e homofóbicas, enfim, um leque de possibilidades desagradáveis que não deveriam sair da boca de um presidente legitimamente eleito.
Jair Bolsonaro talvez tenha ouvido as críticas constantes que o historiador e comentarista político Marco Antonio Villa faz diariamente ao líder do Executivo.
Entre outras coisas, Villa comenta sobre a maneira de se vestir de Bolsonaro, porém, o atual morador do Palácio da Alvorada, estava usando terno e gravata, traje mais adequado à liturgia do cargo.
Coronavac
Na live presidencial da quinta-feira (12), Bolsonaro protagonizou mais um capítulo da politização que ele e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), estão fazendo em torno da vacina chinesa Coronavac.
O mandatário em sua live disse mais uma vez que irá comprar a Coronavac caso ela seja aprovada pelo Ministério da Saúde e pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Bolsonaro sendo Bolsonaro
Mas como já pode se esperar de Jair, a declaração veio acompanhada de uma expressão que pode ser interpretada como racista quando ele se referiu ao governador de São Paulo.
Bolsonaro chamou Doria de "caboclo", quando afirmou que não aceitará pagar qualquer valor pelo imunizante. A expressão usada por Bolsonaro é usada para se referir aos filhos mestiços de indígenas e brancos, e tem um tom segregacionista.
O líder do Executivo também declarou que somente irá comprar a vacina desenvolvida em parceria do laboratório chinês Sinovac e o Instituto Butantan de São Paulo, caso a China também faça uso do imunizante.
Bolsonaro ainda ressaltou que é contrário à obrigatoriedade da vacina, o que contradiz a lei 13.979/20, assinada por ele próprio no dia 6 de fevereiro.
Morte de voluntário
Sobre a morte do voluntário da vacina chinesa, Bolsonaro declarou que não queria entrar em polêmicas sobre as divergências entre a Anvisa e o Instituto Butantan sobre a suspensão dos testes da vacina depois que a morte de um voluntário foi divulgada.
Autoridades da Saúde do estado de São Paulo informaram que não existe relação entre a morte do voluntário e a vacina.
Contudo, Bolsonaro parece não estar totalmente convencido disso. Ele afirmou que "tem uma coisa esquisita aparecendo por aí" e não deixou de lado a teoria de que a morte possa ter sido provocada pela Coronavac.
O portal UOL apurou que laudos do IML (Instituto Médico Legal) e do IC (Instituto de Criminalistíca) dão conta de que a morte do voluntário foi consequência de uma intoxicação provocada por agentes químicos. Álcool, opioides e sedativos foram encontrados no sangue do rapaz de apenas 33 anos.