O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), neste momento, superou seu irmão Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) na função de criador de polêmicas.

Enquanto o vereador pelo Rio de Janeiro concentra seus ataques ao mercado interno, ou seja, antagoniza com figuras de esquerda do país, seu irmão Eduardo mira mais longe, chegando mesmo a criar atritos diplomáticos com a China, o maior parceiro comercial do Brasil.

Longe demais

Eduardo Bolsonaro, ao usar seu Twitter para fazer graves acusações, sem provas, ao país asiático, causou irritação na embaixada da superpotência asiática.

Sua atitude conseguiu unir a oposição ao Governo e membros de dentro do próprio governo Bolsonaro nas críticas à atitude de Eduardo.

É exatamente isto que o país precisa em um momento de crise como este que estamos passando: união até mesmo entre lados opostos do espectro político.

Entretanto, como se trata do governo Jair Bolsonaro, em que tudo pode acontecer, ainda que internamente o próprio Jair Bolsonaro teria achado exagerada a declaração de seu filho, o vice-presidente Hamilton Mourão pouco tempo depois da publicação polêmica de Eduardo, tentou remediar a situação criticando a embaixada da China pela reação à publicação do filho do presidente.

O próprio Bolsonaro, mostrando que diplomacia não é o seu forte, proibiu seus ministros de receberem o embaixador da China Yang Wanming, como foi noticiado pelo jornal O Globo.

Rede Globo

Parece que nada escapa ao radar de Eduardo. Agora o parlamentar resolveu opinar sobre a polêmica envolvendo o comediante Marcius Melhem.

Melhem era o todo-poderoso chefe do núcleo de humor na emissora da família Marinho e está sendo acusado de assédio sexual e assédio moral por muitas de suas ex-subordinadas.

Eduardo resgatou uma fotografia de 2014 em que o redator, diretor e ator segurava um cartaz em que estava escrito "Eu não mereço ser estuprada".

Este foi mais um capítulo da guerra que o clã Bolsonaro trava com a Rede Globo.

É curioso notar que o nome de Eduardo Bolsonaro regularmente aparece no noticiário envolvido em alguma polêmica e são raras as vezes que os assuntos envolvendo seu nome têm a ver com a atividade parlamentar.

Hamilton Mourão

Por muito tempo o vice-presidente Hamilton Mourão vinha atuando como um "bombeiro" para tentar acalmar a sociedade quando o morador do Palácio da Alvorada dava suas clássicas declarações polêmicas, Mourão parece que desistiu deste papel de apaziguador.

O vice nada decorativo de Bolsonaro nos últimos dias revelou para quem ainda tinha dúvidas que é mais parecido com Bolsonaro do que dava a entender.

Tanto Mourão como Bolsonaro estão unidos no pensamento negacionista de que não existe racismo no Brasil.

Mas esta concordância na negação da realidade não é suficiente para unir o presidente e seu vice, a relação entre os dois está cada vez mais desgastada.

A jornalista Bela Megale, do jornal Folha de S.Paulo, noticiou que Mourão declarou recentemente que os filhos de Bolsonaro, Flávio, Carlos e Eduardo, são "três moleques".

Mourão tem cada vez mais falado com a imprensa e parece que abandonou o tom conciliador de outrora. Suas falas muitas vezes refletem o contrário do que Jair Bolsonaro havia opinado, o que tem irritado, inclusive, o chefe do Executivo.